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Reportagem de Fábio Zanini na Folha de S.Paulo informa que a um ano da eleição municipal, as legendas de esquerda se preparam para tentar evitar uma segunda onda conservadora do tamanho da que surpreendeu o mundo político em 2018. Tradicionalmente acusado de não abrir mão de sua hegemonia no campo progressista, o PT promete que desta vez vai ceder espaço a nomes de outros partidos em cidades importantes. Mas os potenciais aliados ainda se mostram céticos. Curiosamente, a aproximação mais intensa ocorre com o PSOL, uma dissidência petista.

Em ao menos três capitais, psolistas devem liderar coligações com apoio do PT: Rio de Janeiro, com Marcelo Freixo, Belém, com Edmilson Rodrigues, e Florianópolis, com Elson Pereira. “A gente surgiu como oposição ao governo Lula, mas isso já faz 15 anos. Agora somos todos oposição a Bolsonaro”, diz Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL. O apoio petista pode se repetir em outras cidades importantes, como Santo André (SP) e Sorocaba (SP). “Temos uma relação boa com o PSOL, até porque muitos deles nos conhecem, são ex-petistas”, afirma a ex-senadora Ideli Salvatti.

De acordo com a publicação, ex-responsável pela articulação política no governo Dilma Rousseff, ela faz parte de um conselho político que o PT montou para auxiliar a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, a elaborar a estratégia eleitoral, fazer diagnósticos e mapear aliados. Compõem também a instância as ex-ministras Miriam Belchior (Planejamento) e Márcia Lopes (Desenvolvimento Social), o deputado federal José Guimarães (CE) e o ex-assessor da Casa Civil Vicente Trevas, além de ex-prefeitos em diversos estados. “No momento existe uma forte tendência a buscar construir frentes. Em alguns lugares, isso está relativamente avançado. Mas ainda estamos na fase de ouvir os aliados”, afirma Ideli.

Outra capital importante em que o PT pode apoiar um aliado é Porto Alegre, onde Manuela D’Ávila deve ser candidata pelo PC do B. Em São Paulo, um cenário de união da esquerda no momento parece mais distante. O PT não tem candidato forte, uma vez que o ex-prefeito Fernando Haddad descarta concorrer. À Folha Haddad disse que até 2022 quer se dedicar a fortalecer a Fundação Perseu Abramo, centro de discussão partidária, e transformá-lo numa espécie de think tank. “Pretendo chamar economistas, sociólogos, educadores e especialistas de diversas áreas para criar uma antessala de discussão programática para o partido”, diz, completa a Folha. DMC