No segundo dia de depoimentos no Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira (28) o ex-policial Ronnie Lessa iniciou as perguntas feitas pela Procuradoria Geral República (PGR) apontando que a Divisão de Homicídios (DH), da Polícia Civil, praticava casos de corrupção sob a gestão do delegado Rivaldo Barbosa. “Quanto mais sangue rolava no Rio mais dinheiro o Rivaldo Barbosa botava no bolso”, disse o assassino confesso de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Segundo ele, o delegado foi um dos idealizadores da renovação da DH: “O Rivaldo é um dos idealizadores do sistema e do que se tornou o que era chamado de ‘super DH’. Disseram que a delegacia passou a usar técnicas do FBI. Nada mais aconteceu do que se valorizou o preço da propina. Não vai deixar de ter ‘arrego’. Uma morte que a delegacia recebia R$ 1 milhão vai passar para R$ 5 milhões”, contou.
A declaração fez o advogado Felipe Dalleprane, um dos defensores de Rivaldo a interromper o depoimento: “Tudo o que ele não viu, ele não pode afirmar. A gente não pode dar a amplitude ao depoimento da testemunha sem ela apontar de quem ouviu essas questões”. O desembargador Airton Vieira, que conduz as audiências do caso Marielle no STF, autorizou que Lessa, réu colaborador, mantivesse seu depoimento e apontasse de onde ouviu as informações caso se sentisse em condições disso.
“Eu sou réu confesso. Eu atirei na Marielle. No dia seguinte ao crime eu vi o Rivaldo abraçado à família da vereadora. Aquilo causou náusea em quem atirou. A mente dele é voltada para o mal. Cheguei a comentar com o Macalé (Edmílson Oliveira da Silva) e colocou a mão na cabeça. Quando a gente fala da DH, a gente fala do Rivaldo”.
Todas essas histórias, Lessa conta que ouviu do advogado Nélio Andrade, de Macalé, que aponta como seu comparsa nas morte de Marielle e Anderson, além do capitão Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, grupo de assassinos de aluguel do RJ. Todos já mortos. “Eu estou vivo. Não posso deixar de falar o que eu sei. Nada ia para frente. Nada se apurava na polícia”, contou Lessa. G1