Foto: Dudu Face/Camamu Noticias

“Ele encarou com muita força. Ele encarou muito pensando em Deus”, fala o arquiteto Jorge Elias sobre o filho Eduardo Trajano Elias, um dos sobreviventes da queda de um jato executivo que deixou cinco mortos em Maraú, no baixo sul da Bahia, em 14 de novembro de 2019. Entre os cinco mortos, estavam o neto de 6 anos e a nora de Jorge Elias, respectivamente filho e esposa de Eduardo. Quase um ano após o acidente, Jorge Elias revela que o filho já passou por mais de 40 cirurgias, em decorrência dos ferimentos causados pelo acidente.

A polícia ainda não concluiu o inquérito que investiga a queda do avião. A aeronave, que saiu de Jundiaí, em São Paulo, caiu na pista de pouso de um resort de luxo na Bahia. Marcela Brandão Elias, esposa de Eduardo, morreu no local. Já o filho do casal, que tinha o mesmo nome dele, morreu cerca de um mês após o acidente. Também morreram no acidente Maysa Marques Mussi (irmã de Marcela), o ex-piloto de Stock Car Tuka Rocha e o copiloto da aeronave Fernando Oliveira Silva, de 26 anos.

Além de Eduardo, sobreviveram ao acidente os amigos dele, Eduardo Mussi, Marcelo Constantino Alves, a esposa Marie Cavelan e o piloto Aires Napoleão. Jorge Elias comentou sobre alguns detalhes do acidente revelados pelo filho. “Ele contou que o avião, quando foi descer, o piloto estava muito inseguro porque nunca tinha usado aquela pista.

“Ele [o piloto] achava que o avião era grande demais para uma pista que talvez fosse pequena e, quando ele foi aterrissar, aterrissou um pouco antes do que deveria, então bateu em uma divisão entre areia e o asfalto. Ele bateu ali e quebrou a roda”, falou. Ainda segundo Jorge Elias, o filho também disse que o avião seguiu descendo só com uma das rodas, e que a asa bateu no asfalto, e que esse atrito teria causado o incêndio em uma das asas. Ele também falou que o piloto saiu do avião sem prestar socorro aos passageiros.

“O atrito fez pegar fogo na asa, que era onde estava o combustível. Só que também tem um problema: daí para frente, as asas, que estavam cheias de combustível, pegaram fogo e o avião começou a pegar fogo. E a primeira pessoa a sair do avião foi o piloto, o copiloto. Ele [piloto] saiu sem dar ajuda para ninguém e não ensinou a ninguém, como abrir a porta do avião. As pessoas estavam lá enlouquecidas para saírem do avião e ninguém sabia como abrir a porta”, diz.

Investigação

Segundo relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), durante o pouso, a aeronave tocou em um barranco que fica antes do início da pista, provocando uma ruptura dos trens de pouso principais e auxiliar. Houve um incêndio que consumiu a maior parte da aeronave um bimotor Cessna modelo Aircraft 550. A investigação do Cenipa ainda está em andamento. O Centro diz que a ação é para prevenir que novos acidentes do mesmo tipo aconteçam.

Quase um ano depois do acidente, a polícia ainda não concluiu o inquérito que investiga a queda do avião. A delegada que conduz o caso diz que, desde o início da investigação, teve dificuldade para colher depoimentos e que a ida das pessoas pra São Paulo junto com a pandemia prorrogaram ainda mais a conclusão do inquérito.

“Nós não pudemos ouvir as vítimas pessoalmente, na nossa unidade, aqui em Barra Grande. Nós dependemos de outras instituições, nós dependemos de resultados de outros órgãos, resultados de perícia. Eu não posso concluir esse inquérito principalmente sem laudo do Cenipa, então eu estou aguardando. Já cobrei por ofício duas vezes e aguardo a resposta com laudo, para que a gente possa finalizar e dar uma resposta aos familiares e também aos sobreviventes que eu sei que tiveram lesões muito graves”, explica. Sobre a conclusão do laudo, o Cenipa disse que a necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes para o acidente garante a liberdade de tempo para a investigação. G1