Arisson Marinho/CORREIO

Ao deixar o estádio Moisés Lucarelli no dia 26 de novembro de 2017, Vagner Mancini, então técnico do Vitória, avisou que aquela data seria lembrada como “A batalha de Campinas”. Minutos antes, o Rubro-Negro e a Ponte Preta, que lutavam contra o rebaixamento para a Série B, travaram um duelo tenso, com direito a dedada e invasão de gramado. No fim, o Rubro-Negro venceu de virada e decretou a queda do rival.

Quis o destino que as duas equipes se reencontrassem em situação semelhante quatro anos depois. A disputa, desta vez contra o rebaixamento para a Série C, tem Vitória e Ponte medindo forças no próximo sábado, no Moisés Lucarelli. É certo que quem sair derrotado do jogo não estará rebaixado; contudo, ficará em situação delicada, especialmente se for o Rubro-Negro, atualmente no Z-4.

O duelo, válido pela 32ª rodada, está marcado para 16h30 (horário de Brasília). O Vitória, 18º colocado, tem 32 pontos, cinco a menos que a Ponte Preta, que está na 15ª posição. Mesmo se vencer, o Rubro-Negro não deixa a zona, porque empataria em pontos com o Brusque e estaria em desvantagem no primeiro critério de desempate, que é o número de triunfos. Por outro lado, se a Ponte superar o Vitória, chega a 40 pontos e se coloca em uma condição muito confortável na luta contra o rebaixamento.

O dedo que mudou o jogo

Nem o mais otimista dos torcedores da Macaca poderia sonhar com um início de jogo tão bom como aquele de 2017. Em 15 minutos de bola rolando, a equipe já vencia por 2 a 0, com gols de Lucca e Danilo Barcelos. Era penúltima rodada da Série A, e a distância entre as duas equipes era de apenas um ponto. Quem vencesse dependeria apenas de si na última rodada. E a Ponte dava um passo gigantesco para isso.

Nem o mais pessimista dos torcedores da Macaca poderia sonhar com o que aconteceria quatro minutos após o segundo gol. Em um ato antidesportivo, difícil até mesmo de colocar em palavras, o zagueiro Rodrigo deu uma dedada no atacante Santiago Tréllez, do Vitória, e levou o cartão vermelho direto.

Com praticamente um jogo inteiro pela frente, a atitude de Rodrigo alterou de maneira irremediável o rumo daquela partida. O Vitória martelou e conseguiu a virada com três gols no segundo tempo, inclusive dois marcados por Tréllez, e mais um de André Lima.

O duelo decretou o rebaixamento da Ponte Preta para a Série B, onde a equipe permanece desde então. Revoltados, os torcedores invadiram o campo, vandalizaram o estádio e colocaram atletas das duas equipes para correr, precisando ser contidos pela polícia. A arbitragem achou por bem encerrar o jogo antes dos 90 minutos.

E teve mais

Aquela Série A foi mesmo um teste de cardíaco para qualquer torcedor rubro-negro. Na última rodada, o Vitória se garantia na elite até os 48 minutos do segundo tempo do jogo contra o Flamengo. Só que, tal qual a atitude sem noção de Rodrigo na rodada anterior, Uillian Corrêa pulou na barreira com o braço levantado e tocou com a mão na bola dentro da área do Vitória. Diego Ribas converteu a cobrança e virou a partida.

Nesse momento, o clima era de velório entre torcedores e jogadores do Vitória, e Vagner Mancini parecia atônito. Trinta segundos depois, o estádio ficou sabendo que a Chapecoense havia feito um gol em cima do Coritiba. E esse gol fazia com que Vitória e Coxa trocassem de lugar na tabela. Explosão de alívio novamente no Barradão. Mas a alegria durou pouco. No ano seguinte, o Vitória foi rebaixado e, desde então, acumula três edições de Série B brigando para não cair. (Globoesporte)