O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar com jornalistas nesta terça-feira (5), como de costume, cercado por apoiadores. Como de hábito, o presidente atacou a imprensa, impediu perguntas dos jornalistas, e confirmou que o superintendente da Polícia Federal no Rio, Carlos Henrique Oliveira, está deixando o cargo. Bolsonaro alegou que ele está sendo promovido a diretor-executivo da PF.

Bolsonaro deu a declaração na saída do Palácio da Alvorada, ao negar que tenta interferir na Polícia Federal, conforme acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro ao pedir demissão.

Ao sair da superintendência e assumir a diretoria-executiva da PF, Oliveira deixaria a linha de frente das investigações. O diretor-executivo cuida de questões administrativas da PF e de áreas como: imigração, estrangeiros, registro de armas, controle de produção de substâncias químicas, portos e aeroportos.

Um inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações feitas por Moro. Bolsonaro nega interferência na PF. Segundo Bolsonaro, Oliveira foi convidado por Rolando de Souza a assumir o cargo considerado o segundo mais importante da Polícia Federal.

Souza foi nomeado e empossado diretor-geral da PF nesta segunda-feira (4). Ele assumiu o cargo após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspender a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente e atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Nesta terça, o presidente falou sobre a mudança na chefia da PF no Rio, berço eleitoral de Bolsonaro, ao criticar diante de apoiadores manchete desta terça do jornal “Folha de S. Paulo”, que publicou “Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro”.

Ao deixar o cargo, o ex ministro Sergio Moro denunciou que um dos motivos da insatisfação do presidente com o ex-diretor geral da PF, Maurício Valeixo, era a resistência dele em trocar o superintendente do Rio.

“Para onde é que está indo o superintendente do Rio de Janeiro? Para ser o diretor-executivo da PF. Ele vai sair da superintendência, são 27 superintendentes no Brasil, para ser diretor-executivo. Eu estou trocando ele? Eu estou tendo influência sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria, é uma patifaria”, afirmou Bolsonaro. Questionado se solicitou a substituição de Oliveira, Bolsonaro mandou os repórteres calarem a boca. E prosseguiu:

“Cala a boca! Cala a boca! Está saindo de lá para ser diretor-executivo a convite do atual diretor-geral. Não interfiro em nada. Se ele for desafeto meu e se eu tivesse ingerência na PF, não iria para lá. É a mensagem que vocês dão. Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro. E não interfiro na Polícia Federal. E ele está sendo convidado para ser diretor-executivo. É o 02”, disse. g1