Sandra Weydee, de 37 anos, que denunciou nas redes sociais o crime de racismo cometido por um segurança de metrô contra as filhas dela, contou em entrevista que após a situação, as gêmeas, de três anos, mudaram o comportamento. Conforme relatou Sandra, o homem chamou as crianças de “bucha 1 e bucha 2”, em referência a lã de aço, usada para lavar pratos, quando elas passavam pela estação de metrô rodoviária no último sábado (25).

“Depois disso elas quiseram molhar o cabelo, botar creme, já quiseram prender o cabelo e botar o laço. Então, eu percebi uma mudança já, de aceitação. Elas comentam e até hoje elas falam: ‘não sou bucha'”, revelou. Sandra disse que nunca tinha passado por racismo com as filhas e o ato do segurança a pegou de surpresa.

“Nunca aconteceu. Por isso que me surpreendeu. Inclusive quando eu estava parada com elas [na estação], duas pessoas pararam e pediram para tirar fotos com elas. As pessoas sempre acham elas bonitas, se aproximam, inclusive por elas serem bem carinhosas e amorosas com as pessoas”, destacou.

A mãe das gêmeas denunciou o caso nas redes sociais e prevê ir à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca) na quarta-feira (29), que é quando termina a paralisação de 48 dos policiais civis, iniciada na segunda-feira (27).

“Resolvi denunciar porque isso tem que acabar. Nós moramos em uma cidade onde 99% é negro, com cabelo crespo. O respeito é a base de tudo. Quando a gente desrespeita o ser humano a gente está desrespeitando o próprio Deus”, disse Sandra. A mulher ressaltou que a situação não vai fazer com que ela queira alisar o cabelo das filhas, muito pelo contrário, ela pretende fortalecer a importância do cabelo natural para as gêmeas.

“Deus criou elas assim, então eu vou lutar até o fim para que elas possam se aceitar como elas foram criadas pelo Senhor. Hoje em dia a gente vê adolescentes tentando suicídio e várias outras coisas, por não se aceitarem esteticamente ou por alguma questão familiar. Isso é muito grave. Então eu pretendo levar isso e onde eu ando as pessoas sempre falam: ‘Não deixe alisar o cabelo delas, nunca deixe tirar esses cachos, nunca mude'”, contou.

Em nota, a CCR Metrô, que administra o serviço, disse que repudia atitudes racistas ou discriminatórias e está apurando o caso citado pela cliente. A concessionária também ressaltou que respeita e valoriza a pluralidade da Bahia e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero. G1