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O líder indígena caiapó Raoni, indicado ao Nobel da Paz, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro mostra que seu “coração não é bom” ao indicar que os índios devem viver como os não indígenas.

“Não é bom, não é correto, ficar falando isso. Nós, indígenas, queremos morar na nossa terra. Viver lá. Deixa viver do jeito nosso, do jeito que a gente quer viver. É isso que nós queremos. Eu acho que ele [Bolsonaro] não pensa direito. O coração dele não é bom. Eu não estou gostando”, disse em entrevista à Folha.

Raoni também estará em Nova Iorque na próxima semana, onde participará de eventos paralelos à Assembleia Geral da ONU. Ele disse que pretende um dia conversar com Bolsonaro para pedir respeito ao povo indígena.

“Se um dia eu chegar perto dele, eu quero falar com ele: ‘Deixar nós em paz, viver em paz, sem problema’. Eu quero falar para ele parar de criticar, parar de falar mal do outro. Vamos viver em paz, vamos viver todo mundo junto, vamos viver todo mundo trabalhando, vivendo em paz”, disse o caiapó.

No final de junho, Bolsonaro revelou que o presidente francês, Emmanuel Macron, com quem Raoni havia se reunido em Paris, indagou se ele poderia receber no Brasil o caiapó. O presidente disse que não, sob o argumento de que Raoni não representa o país ou os indígenas.

À Folha Raoni rebateu: “Eu não represento eles [indígenas do país], mas eu falo em defesa dos índios brasileiros, os primeiros habitantes daqui. Por eles é que eu brigo. Por eles é que eu defendo a terra, a floresta, o meio ambiente, e defendo o costume deles. Eu venho falando isso muito tempo, não é só agora que eu comecei a falar. Eu venho lutando para que vocês, todos os brancos, deixarem o índio viver em paz, na terra dele, na floresta dele”.