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A reafirmação constante de que o tripé PT, PSD e PP estará unido em 2022 na Bahia é sinal de que há certo nível de fadiga na relação entre os três principais partidos que compõem a base aliada do governador Rui Costa. Não que algum deles esteja disposto a romper a relação alinhavada há alguns pleitos. Porém é cada vez mais explícita a preocupação sobre a manutenção dessa união, especialmente quando existe uma candidatura competitiva do lado oposto. E os movimentos nesse contexto precisam ser analisados com cautela.

O PT mantém a posição mais confortável nessa disputa. Está há quatro eleições encabeçando a chapa e o único nome formalmente apresentado é o do ex-governador Jaques Wagner, que tenta retornar ao Palácio de Ondina após dois mandatos do sucessor. Há quem aposte que Otto Alencar (PSD) ou João Leão (PP) poderiam almejar a candidatura ao governo, mas é muito difícil acreditar que eles teriam capacidade de aglutinar as forças políticas como Wagner faria. O Galego é, então, o único candidato viável desse grupo político. E todos, especialmente Otto, reconhecem essa qualidade nele.

O socialdemocrata é, naturalmente, candidato à reeleição ao Senado. É cômodo e não o implicaria em permanecer como vidraça – dada a ausência de qualquer outro nome capaz de tirá-lo da cadeira. Rui, que chega a ser citado como potencial candidato a senador, sabe que caminhar nessa direção inviabilizaria a unidade do grupo. Então, da parte do PSD da Bahia, dificilmente haverá um empecilho na repetição do tripé.

As atenções se voltam então para o PP, cuja permanência de Leão na chapa majoritária é algo improvável de acontecer – ele não pode ser candidato mais uma vez a vice. Sem um nome com musculatura política equivalente à do cacique, o grupo adversário, representado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, tenta seduzir as novas lideranças da legenda. Ainda assim, é pouco provável que os progressistas abandonem o barco petista antes da hora. Isso aconteceria em caso de uma derrota iminente de Wagner, o que é extremamente difícil de prever com a antecedência que permita uma migração menos traumática. Então, se existe um elo frágil nesse relacionamento, cabe ao PP essa pecha.

Enquanto isso, ACM Neto continua as andanças e articulações com lideranças nacionais das siglas. Isso pode permitir, por exemplo, que uma vitória dele nas urnas possibilite uma composição com os partidos de centro-direita que atualmente apoiam os governos petistas na Bahia. E as mobilizações do ex-prefeito têm surtido ao mínimo um efeito: a necessidade dos adversários dele repetirem o tempo inteiro que estarão juntos em 2022. Mesmo que ainda falte muito para que todas as peças estejam disponíveis no tabuleiro. Por Fernando Duarte/BN