Reed Hutchinson

O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, — centro de pesquisa eleitoral que apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança isolada, possivelmente vencendo no primeiro turno com 47% dos votos, contra 26% de Jair Bolsonaro nesta semana –, afirmou à TV 247 que há uma clara queda na rejeição ao Partido dos Trabalhadores e esse é um quadro “perigoso para o Bolsonaro”.

O pesquisador citou outro dado levantado pela pesquisa, que mostra que 25% dos eleitores de Bolsonaro o fizeram em razão do antipetismo. “O percentual é menor do que já foi no passado”, observou, apontando que isso é um risco apresentado para Bolsonaro. O enfraquecimento do ódio contra o PT, representado por Bolsonaro, abre espaço para que outros candidatos da direita busquem fortalecer suas candidaturas.

“Essa rejeição está diminuindo, e esse quadro é muito perigoso para o Bolsonaro, porque se o objetivo de votar no Bolsonaro é tirar o PT, outros candidatos também podem cumprir esse papel na cabeça do eleitor. Ou seja, o Bolsonaro pode cair ainda mais nesse processo. É algo para acompanharmos ao longo das pesquisas”, explicou.

“Essas razões mostram definitivamente como vai ser a campanha do ano que vem. Por um lado, um candidato que vai vender esperança de um país melhor, a partir do que ele já entregou no passado, e do outro, um candidato que vai tentar ampliar a rejeição do seu adversário para disputar com ele numa situação melhor o segundo turno da eleição”, completou.

O cientista político destacou também que em todos os extratos da pesquisa – região, idade, gênero e classe social – Bolsonaro tem rejeição mais alta. “Me chamou muita atenção o fato de que é a primeira vez que em todos os extratos socioeconômicos e políticos o presidente Jair Bolsonaro aparece com mais rejeição do que avaliação positiva. É realmente um processo de deterioração”.

Sobre a terceira via, o que os números mostram “é uma queda considerável no número de brasileiros que querem que o ‘nem nem’ vençam, enquanto o Lula vai aumentando sua preferência”, disse Nunes. “Esse quadro diz muito sobre a incapacidade da terceira via de promover o seu nome”.