Relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News, a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) afirmou na manhã desta quinta-feira (23) que a retomada dos trabalhos depende somente dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e da Comissão, Angelo Coronel (PSD-BA).

“A expectativa é que reinicie em fevereiro, mas depende do Senado. Ela funciona no Senado, mas depende muito do presidente do Senado e da Comissão, de viabilizarem o seu funcionamento. Todos nós, os deputados todos, estamos prontos e desejos que ela retorne”, disse Lídice durante a inauguração da reforma da emergência do Hospital Roberto Santos, no Cabula, em Salvador.

A ex-prefeita de Salvador disse que vê com naturalidade o arrefecimento das conversas do PSB para filiação de Geraldo Alckmin, que tem se aproximado do ex-presidente Lula (PT) e intensificado os movimentos para uma chapa presidencial.

Para Lídice, que tem mais de 30 anos de vida pública, este é o momento ideal para as negociações. Ela reforça que existem conjunturas locais e arranjos entre o PSB e o PT, e que a filiação de Alckmin para ser vice de Lula não interessa somente ao seu partido.

Em jantar com diversas lideranças no último domingo (19), o ex-presidente Lula conversou com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. O tom, contudo, não foi dos melhores. Siqueira teria cobrado apoio do PT em cinco estados, em troca de filiar Geraldo Alckmin e colocá-lo na chapa.

“Obviamente o PT respeita muito o ex-governador Geraldo Alckmin, mas não é do PSB. O PSB tem pleitos regionais voltados para o apoio do PT aos seus candidatos ao governo, mas não pode ser confundido com a ideia que Alckmin chegando à vice-presidência, ele estaria atendendo ao PSB. A discussão está aí, o momento é esse, de debater os interesses de cada um”, analisou.

No rol de partidos que podem sofrer com as novas mudanças na legislação eleitoral, o PSB negocia formar uma federação partidária ao lado de siglas como o PT e PCdoB. No entanto, a este é um tema difícil para ter um desfecho.

“Não é uma proposta fácil, ela tem uma regulamentação própria, uma determinação de quatro anos que amarra os partidos a essa convivência”, justifica a socialista. “Se cada um dos partidos tem direito de apresentar 40 candidaturas, são 120 candidaturas […] tem que analisar o desenho das candidaturas que podem favorecer a eleição como um todo”, complementa.

Mas Lídice pondera e admite que o cenário está ficando cada vez mais complexo para que siglas menores consigam emplacar candidaturas com potencial de vitória — o que tem favorecido partidos maiores, como o próprio PT, hoje disparado o que tem a hegemonia no campo da esquerda e centro-esquerda.

“Fazer chapa sozinho também é difícil, requer candidaturas sólidas, fortes. É mais fácil para o PT, não tenha dúvida, que nesse momento é uma legenda mais forte, maior número de candidatos e partido consolidado. Nós e o PCdoB, por exemplo, temos que pensar como construir essa chapa”, salienta. Bocão News