Uma pesquisa publicada neste último domingo (23) aponta que alguns remédios para hipertensão (pressão alta) podem ter um efeito benéfico em pacientes que já usam os medicamentos e são infectados pela Covid-19. Pessoas com pressão alta estão entre os grupos que correm mais risco de morrer se forem infectadas pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Cientistas da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, concluíram que pacientes hipertensos que já usavam remédios que eram do tipo inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS), tiveram menos chances de ser internados na UTI, precisar de suporte de oxigênio (com ou sem ventilação mecânica) e de morrer.
“Nossa pesquisa fornece evidências substanciais para recomendar o uso contínuo desses medicamentos se os pacientes já os estiverem tomando”, explicou o líder do estudo, Vassilios Vassiliou, da Faculdade de Medicina da Universidade de East Anglia.
Para chegar à conclusão sobre o benefício desses medicamentos, os cientistas fizeram uma revisão sistemática e uma análise de 19 estudos já existentes sobre a relação entre o uso deles e a infecção por Covid-19, com informações de mais de 28 mil pessoas.
Esse tipo de estudo revisa, qualifica e analisa outras pesquisas, anteriores, sobre um assunto. Os resultados de uma meta-análise podem incluir uma estimativa mais precisa do efeito de um tratamento ou do fator de risco para uma doença, por exemplo, do que outros resultados individuais. A pesquisa britânica foi publicada no “Current Atherosclerosis Reports”.
“Os pacientes com Covid-19 com pressão alta que estavam tomando medicamentos inibidores do RAAS tinham 0,67 vezes menos probabilidade de ter um resultado crítico ou fatal do que aqueles que não tomavam esses medicamentos”, disse Vassilliou. Entre os medicamentos classificados como inibidores do RAAS estão a losartana e o captopril.
No estudo, os cientistas explicam que os medicamentos inibidores do RAAS, embora usados principalmente para hipertensão, são indicados também para outros pacientes cardiovasculares, incluindo aqueles com infarto do miocárdio anterior, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular ou doença renal crônica.
“Descobrimos que um a cada três dos pacientes com Covid-19 e com pressão alta e um a cada quatro dos pacientes em geral estavam tomando um medicamentos inibidores do RAAS”, afirmou Vassiliou.
O cientista destaca, entretanto, que o estudo não conseguiu descobrir se o uso dos remédios ajudava no tratamento de pacientes de Covid-19 que não eram tratados com os remédios antes da infecção.
“No entanto, não conseguimos determinar se começar o uso desses comprimidos de forma aguda em pacientes com Covid-19 pode melhorar o prognóstico, já que o mecanismo de ação pode ser diferente”, lembrou. G1