Brett McGurk, enviado americano para a coalizão de combate ao Estado Islâmico, renunciou neste último sábado (22) ao cargo em protesto contra a decisão do presidente Donald Trump de retirar os cerca de 2.000 soldados dos Estados Unidos que estão na Síria. McGurk fica no cargo até o próximo dia 31 -ele planejava sair em fevereiro. É a segunda baixa do governo Trump ligada à decisão de retirar as tropas da Síria.

 

Na quinta (20), o secretário de Defesa, Jim Mattis, anunciou que deixaria o posto no final de fevereiro por considerar que suas visões sobre política externa não estavam “alinhadas” com as do republicano. Um dia antes, a Casa Branca anunciou que havia derrotado o Estado Islâmico e que, por isso, estava retirando os soldados americanos que estavam no país.

 

Na Síria, as tropas dos Estados Unidos basicamente assessoravam uma milícia de tropas árabes e curdas. No início de dezembro, McGurk havia declarado que o grupo extremista estava longe de ser derrotado, apesar de ter perdido terreno na Síria. “Ninguém trabalhando nessa questão dia após dia é condescendente. Ninguém está declarando missão cumprida”, afirmou em um comunicado do Departamento de Estado segundo o Folhapress.

 

“Derrotar um califado físico é uma fase de uma campanha de prazo muito longo”, disse. McGurk foi escolhido para o cargo em 2015 pelo presidente Barack Obama, e mantido por Trump. A retirada dos militares da Síria enfrentava oposição no Pentágono, com autoridades afirmando que representaria uma traição aos aliados curdos que combateram ao lado dos EUA no país. Eles estariam sob ameaça de uma ofensiva militar da Turquia.

 

A Turquia considera as forças curdas apoiadas pelos americanos um grupo terrorista, por causa de sua conexão com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). Os sírios curdos, que controlam cerca de 30% da Síria, querem criar uma região autônoma no nordeste da Síria. Autoridades do Pentágono avaliam ainda que uma saída abrupta dos EUA poderia levar a um fortalecimento do EI.

 

O grupo já perdeu cerca de 90% das áreas que ocupava na Síria e no Iraque. Um relatório de uma autoridade do Departamento da Defesa calcula que haveria cerca de 30 mil membros do grupo na Síria e no Iraque. Na quinta-feira, um dia após o anúncio, Mattis entregou o cargo a Trump.

 

Na carta de renúncia, ele afirmou que suas visões sobre tratar aliados com respeito e também manter os olhos abertos a agentes malignos e competidores estratégicos são firmes e baseadas em quatro décadas de imersão no assunto. “Porque você tem direito de ter um secretário de Defesa cujas visões são melhor alinhadas com as suas nesses assuntos e em outros, eu acredito que é certo para mim deixar minha posição”, escreveu.