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Após Jair Bolsonaro (PSL) ordenar mudanças na Agência Nacional do Cinema (Ancine), condicionando a manutenção do órgão à imposição de filtros ideológicos, mais de 800 representantes do setor cultural assinaram uma carta de repúdio à posição do presidente.

De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, nomes como o baiano Caetano Veloso, a atriz Débora Falabella e o diretor-presidente do Instituto Inhotim, Antonio Grassi, estão entre os signatários do documento, que foi elaborado pelo movimento suprapartidário Artigo 5º.

“Percebemos uma ameaça ao estado da livre expressão garantido na Constituição”, explicou a gestora cultural Tatyana Rubim, uma das articuladoras do grupo.

“Repudiamos veementemente as declarações do Presidente da República, quando ameaça promover censura a obras audiovisuais fomentadas pela Ancine”, diz a nota. “A se confirmar tais ameaças, poderão ser tomadas todas as providências judiciais cabíveis para se fazer valer uma cultura livre”, continua o texto.

O ex-ministro da Cultura do governo de Michel Temer e atual secretário de Cultura e Economia Criativa de SP, Sérgio Sá Leitão, que já foi diretor da Ancine, também criticou a fala do presidente. “A instalação de um tribunal moral para avaliar filmes é próprio de regimes autoritários”, avaliou.

O deputado e ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (Cidadania-RJ), também discordou e afirmou que estuda medidas para barrar os planos de Bolsonaro para a agência. Até correligionários de Bolsonaro, como o deputado Alexandre Frota (PSL-SP), discordaram da imposição de filtro à Ancine.