Cidades baianas têm se destacado economicamente nos últimos anos com a criação, reprodução ou abate de animais para abastecer o mercado interno e outras regiões do país e mesmo o exterior.

Na região sudoeste, por exemplo, o mercado de equinos e o abate de frangos têm ganhado destaque. Já no norte baiano, a cultura de venda de peixes como a tilápia tem potencializado a economia e gerado renda para diversas famílias.

Em Vitória da Conquista, um mercado que tem ganhado potência na cidade tem como protagonistas os equinos. Tanto a raça “Quarto de Milha” quanto a “Mangalarga Marchador” são destaques no comércio, no campo, na venda e também nas competições de níveis regional, estadual e nacional. Só de criadores do Mangalarga, a cidade tem mais de 60.

Em um dos espaços usados para criação e reprodução dos animais na cidade, chamados de haras, 200 cavalos são treinados o ano inteiro para participarem de competições.

Entre os “atletas” está o cavalo batizado de Hebreu, que já foi campeão nacional e atualmente é doador de sêmen, cuja ampola vale R$ 5 mil reais.

O dono do animal, Luciano Magnavita, não esconde o orgulho. Ele é o expositor de número um no interior da Bahia nas competições de Mangalarga Marchador. O trabalho já rendeu mais de 100 prêmios.

“O sudoeste da Bahia é uma região bem forte com criadores da raça Mangalarga Marcador, se destacando no cenário estadual e nacional. Têm animais muito bons aqui na região”, disse Luciano.

O criador conta que tem égua que vale R$ 200 mil e que pelo menos 30 animais foram vendidos só do ano passado para cá, dinheiro que movimenta a economia da cidade.

A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) aponta que o mercado de equinos cresceu muito em Vitória da Conquista nas últimas décadas.

Atualmente, são, pelo menos, quatro leilões anualmente no município, sendo que cada um tem giro capital que varia de R$ 500 mil a R$ 800 mil. Ainda conforme o órgão, são, atualmente, com 90 associados.

Nelson Martins Quadros, representante da ABCCMM, afirma que a criação de equinos se transformou numa atividade econômica forte na região.

A última atualização do IBGE mostra que, no Brasil, são criados mais de 5,5 milhões de equinos. Dos mais de 1,2 milhão animais do nordeste, pouco mais de 400 mil estão na Bahia. E a cidade de Vitória da Conquista está no topo do ranking no estado, com 5.806 equinos.

A fiscalização sanitária fica por conta da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). Conforme o órgão, todos os animais no município passam por tratamento e controle das zoonoses. Assim, se garante preço e qualidade de vida para o mercado.

Creso Prates, fiscal da Adab, destaca a importância de se realizar a vigilância, sobretudo para o controle de doenças.

Também Vitória da Conquista, o abate de frangos se destaca. Um único frigorífico da cidade produz 600 toneladas de carne de frango mensalmente e ajuda a abastecer o mercado da cidade, que tem quase 340 mil habitantes, e região.

O processo começa na compra dos 60 mil pintinhos semanalmente, vindos de Feira de Santana. Depois de um processo que envolve a alimentação dos animais, o crescimento deles e, por fim, o abate, tudo fica pronto para o comércio.

Um dos sócios, Gabriel Waiandt Santos, diz que o negócio ajuda a desenvolver a economia local e a gerar emprego.

“Cada vez mais reforçando a qualidade do produto, do serviço na região onde atua, principalmente no mercado de [Vitória da] Conquista e buscar promover o desenvolvimento regional da área”, disse o dono do frigorífico Gabriel Waiadant Santos.

Com o preço do frango, em média, a R$ 6,2 o quilo, a empresa conta com pouco mais de R$ 3 milhões de receita para pagar todo mundo e investir novamente no mercado.

Para que todo o processo dê certo, cada etapa do trabalho é observada de perto pela auxiliar de inspeção da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) Cleude Gomes Rodrigues. Entre as várias atribuições estão a pesagem do produto e o controle da temperatura.

Tilápias

Vale do São Francisco responde por 70% da produção de tilápia da Bahia. — Foto: TVCA/ Reprodução

No norte do estado, os números também são expressivos, mas estão relacionados à criação de outros animais: as tilápias. Das vinte e quatro mil toneladas que a Bahia produz por ano do peixe, 70% sai do Vale do São Francisco e roda por várias partes do Brasil. Quatro estados compram a maior fatia de todo o trabalho.

A maior parte da produção sai de dois municípios: Glória e Paulo Afonso. Entre as quarenta pisciculturas e três associações da região, está o criadouro de Sílvio Natareli.

A ideia de criar as tilápias surgiu, há 15 anos, depois que o filho do piscicultor decidiu estudar zootecnia.

O emprego de corretor de seguros abriu espaço para a profissão de piscicultor. Ele conta que não imaginava que tudo isso iria render muitos lucros com a reprodução mensal de 200 mil alevinos, que é o peixe filhote. Depois da engorda, o peixe vira alimento e fonte de renda.

O serviço é responsável por uma cadeia de negócios, que vai da produção até os compradores, como explica Antônio Almeida Júnior, gerente regional da Bahia Pesca.

“Os dois maiores produtores de tilápia são os municípios de Paulo Afonso e Glória. Paulo Afonso está com a produção extra estimada em cerca de mil toneladas ao ano e Glória fechou o último ciclo agora, com 9,3 mil toneladas de tilápia por ano. Essa produção é escoada praticamente para os municípios do norte aqui do nordeste e também para o mercado local”, explicou Júnior.

E não é apenas a carne do peixe que rende lucros. A pele também virou renda para a artesã Maria Regina Soares. Ela viu a chance de usar o couro da tilápia num trabalho artesanal que, atualmente, como conta, é responsável por 90% da renda familiar. G1