O ex-prefeito de Salvador e presidente do Democratas, ACM Neto, disse ao blog nesta segunda-feira (8) que Rodrigo Maia (DEM), ex-presidente da Câmara, “procura culpados por erros que ele cometeu”. Ao Valor Econômico, Maia afirmou que ACM Neto “entregou nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, numa referência à movimentação do presidente do DEM em favor da neutralidade da sigla na disputa pela presidência da Câmara.

A neutralidade ajudou a eleger Arthur Lira (PP), líder do Centrão e candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para o comando da Casa. “Ele [Maia] está sendo péssimo perdedor e está saindo menor do que entrou. Deixou o poder subir à cabeça”, afirmou ACM Neto. “Na verdade, ele sempre teve um candidato a presidente da Câmara, que era ele mesmo, Rodrigo Maia.”

E, embora tenha dito em entrevista ao programa Em Foco com Andréia Sadi, que não descarta um apoio do DEM a Bolsonaro em 2022, Neto negou que a movimentação da legenda signifique, hoje, que o partido vá caminhar para apoiar Bolsonaro em 2022. “Nem começou a discussão. A nossa posição ainda é de não adesão ao governo e vamos preservar”, declarou, apesar de a legenda contar com Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Tereza Cristina (Agricultura) no governo.

A bancada do DEM na Câmara chancelou a posição de ACM Neto e criticou Maia. Em nota, afirma que faltou ao ex-presidente da Câmara a maioria para “compor o bloco de centro-esquerda na disputa pela presidência” e que, na entrevista ao Valor, “tenta injustamente terceirizar a responsabilidade pela ruína do bloco, não faz sua autocrítica e nem assume a sua mea culpa”.

Maia de saída do DEM

Sobre a mudança de partido de Maia, ele disse que ainda vai discutir com a legenda o que fazer. Conforme noticiou Lauro Jardim, colunista de “O Globo”, Maia foi convidado para ingressar no PSDB pelo governador de São Paulo, João Doria, em um jantar na casa do paulista neste domingo – informação confirmada pelo blog.

Maia ainda não respondeu, mas tem no radar outras duas legendas: Cidadania e PSL. A janela partidária, porém, que permite a troca de partido sem que se corra o risco de perder a legenda, só será aberta em 2021. Até lá, a tendência é Maia pedir a desfiliação do DEM e ficar sem partido.

Maia é um dos entusiastas do apoio do DEM a uma candidatura de centro, que poderia ter como cabeça de chapa Doria, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ou o apresentador Luciano Huck. Ele chegou a trabalhar com Doria nessa aliança de centro com o PSDB, num arranjo que previa o apoio dos tucanos à candidatura do vice-governador paulista, Rodrigo Garcia (DEM), ao Palácio dos Bandeirantes em 2022. (Por Julia Duailibi/G1)