Senado

Apesar de toda a reação provocada pela recente declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o processo eleitoral, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), classificou as falas do mandatário apenas como algo “infeliz”. Para ele, Bolsonaro dizer que “ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, em referência a sua repetida acusação, sem provas, de que a votação por urna eletrônica é fraudulenta, mereceu uma “retificação”.

“Eu considero uma declaração infeliz, sujeita a um esclarecimento e a uma retificação. E gostaria muito de acreditar que, quando se diz algo assim, é no sentido conotativo de que, sem eleições limpas, isso afetaria a legitimidade das eleições de um modo geral”, disse Pacheco em entrevista à Folha de S. Paulo.

Na ocasião, o senador foi questionado por não citar o presidente Jair Bolsonaro quando disse que quem defender um retrocesso da democracia será considerado um “inimigo da nação”. Ele disse que não é seu papel criticar a “postura pessoal”, mas sim “criticar posturas institucionais”.

“É evidente que o presidente, ao falar da perspectiva de frustração de eleições, foi infeliz. Quero crer que ele próprio reconheça que sua intenção não deve ter sido dizer que não terá eleições em 2022 [e sim] mais um exercício de argumentação para defender sua tese do voto impresso”, minimizou Pacheco. O presidente do Senado também não considerou ameaçadora a nota do Ministério da Defesa contra o senador Omar Aziz, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

No último dia 7, a pasta disse que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. A declaração foi uma resposta ao senador que declarou, após a CPI expor o envolvimento de diversos militares em suspeitas de corrupção ligadas à compra de vacinas, que há muitos anos o Brasil “não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”.

Para Pacheco, “toda instituição ou pessoa que se julgar ofendida tem o direito de se manifestar no sentido de que não aceita aquilo”. “Considerando que o próprio senador Omar Aziz disse que não teve a intenção de ofender as Forças, considerando a conversa que tive com o ministro Braga Netto no sentido de que ele também não generalizou sua fala em relação ao Senado, eu considerei o assunto encerrado. Não considerei ameaçadora”, frisou.

Além disso, ao longo da entrevista, o senador democrata ainda avaliou a atuação do governo no combate à pandemia. Na avaliação dele, houve erros e acertos, sendo a escalação do médico Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde um dos pontos positivos.