EC Bahia

Quis o destino que Marco Antônio, jogador que ainda não tinha tido a oportunidade de atuar com Roger Machado, entrasse no segundo tempo para ajudar o Bahia a vencer o Grêmio por 1 a 0, em partida disputada na noite desta quarta-feira, em Porto Alegre. Ele fez grande jogada individual e sofreu pênalti de Léo Moura, convertido por Arthur Caíke.

Como já havia deixado claro em outras oportunidades, o motivo pelo qual o jovem meia ainda não tinha ganhado chances era o comprometimento defensivo. Como melhorou nos treinos, e também pelo fato de a partida ter se desenhado de uma forma que encaixava com suas características, Roger deu uma chance a ele.

O treinador deixou claro, porém, que quem se escala é o próprio atleta.

– Marco [Antônio], eu dizia que precisava evoluir, precisava mostrar nos treinos, números. A parte ofensiva sei que… Hoje ele nada mais fez do que faz todo dia no treinamento. Pegou a bola no fundo e vai para cima do adversário, em 90% das vezes, ele tem vitória pessoal. O que faltava era o compromisso defensivo. Ele me mostrou, nessas três semanas, quando conversei com ele, mostrei números, que, comparando com jogadores da posição dele, que colegas trabalhavam com números de sprints quatro, cinco vezes maiores que ele, ele precisava evoluir. Não era por incapacidade física, mas por desconcentração no treino, esperar que outro roubassse a bola e acionasse ele para ele fazer o que faz de melhor. Precisava participar do processo defensivo também. Hoje teve oportunidade, porque eu queria o tipo de jogo dele, precisava da vitória pessoal dele, cobrei dele recomposição defensiva. Ele me deu. Não sou eu que escalo o jogador; é ele quem se escala. Por isso parabenizei ele no final do jogo. Fico feliz, e ele também. Quando estiver bem, vai receber oportunidade – afirmou o treinador.

Roger também explicou a escalação do Bahia com Guerra no meio-campo, quando se esperava que ele começasse com Ronaldo.

– Ideia era justamente porque o Grêmio tenta o controle do jogo sempre. Tendo a bola, nós iríamos contra-atacar, mas, quando a gente não conseguisse, a ideia era manter controle pela qualidade do Guerra. Não pela força do tripé e só explorar contra-ataques. Tentar impor, não controle pela roubada de bola, força, mas no controle quando a gente tivesse a posse, conseguir articular nosso jogo. Para também conseguir empurrar o Grêmio, subir nossas linhas para não ficar muito próximo do gol. Quando o Grêmio conseguiu empurrar para dentro da área, momentos em que conseguiram profundidade com os laterais ou a bola infiltrada entre os zagueiros, nos gerou problema. Por isso escolha a pelo Guerra – afirmou.

O resultado não foi decidido apenas pelos homens de frente que entraram na segunda etapa. Coletivamente, o Bahia mostrou organização e um nível alto de concentração, algo que havia faltado na derrota para o Fluminense, como reclamou o treinador.

Na coletiva de hoje, Roger culpou o desgaste dos atletas pela falta de concentração.

– Nível de concentração não baixa por si só, está ligado ao desgaste. Contra o São Paulo, foi um jogo jogado em alta intensidade em função do modelo do Diniz, jogo de muito desgaste cognitivo. A gente, no futebol, costuma avaliar desgaste físico. Jogador de futebol… Eu e tu tomamos 2.400, 2.500 tomadas de decisões por dia. Jogador toma 2.700, 2.800 em 90 minutos. Isso tem um preço num jogo desgastante com pouco tempo de recuperação. Concentração baixou. Falei aos atletas. Mas esse é o nosso time, não jogo do primeiro tempo, em que não atuou bem contra o Fluminense. Contra o São Paulo e o Athletico, atuamos bem, e os resultados não vieram por circunstâncias do jogo. Primeira vez que vencemos o Grêmio em Porto Alegre, um jogo de altíssimo nível, alcançamos 41 pontos, que nos deixam na 7ª colocação. Mas festejo a vitória, e, sobretudo, a atuação segura – disse.

Com o triunfo sobre o Grêmio, o Bahia subiu para a 7ª posição e tem a mesma quantidade de pontos do rival gaúcho, que está uma casa acima: 41. A equipe volta a campo na segunda-feira, quando enfrenta o Ceará, em Pituaçu. Globoesporte