Vagner Souza

Desde a morte do miliciano Adriano de Nóbrega em Esplanada, na Bahia, em suposta troca de tiros com policiais militares, há uma guerra fria declarada entre o governador Rui Costa (PT) e a família Bolsonaro. Na mais recente manifestação do petista, em entrevista ao Estadão, ele diz que vê uma obsessão do presidente com o caso, e que o seu comportamento pode indicar que está com medo de que “alguma coisa seja descoberta”.

“Talvez seja um problema tão grave que ele deve acordar, almoçar, jantar e dormir pensando 24 horas nisso. Só pode ser, porque ele está há quatro, cinco dias obcecado falando disso. É como se estivesse com receio de alguma coisa ser descoberta”, ironiza. Rui ainda classificou Bolsonaro como uma “metralhadora giratória disparando agressividade”.

De acordo com o governador, todo o material já foi enviado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que irá analisar para dar um desfecho à morte do ex-PM, antigo chefe do “Escritório do Crime”, milícia que atua na capital carioca.

“O material todo foi enviado judicialmente ao Rio de Janeiro, usando os meios legais, e quem irá apurar isso é o Ministério Público do Rio. O que toma conta dos brasileiros é a perplexidade: todo mundo perplexo com um presidente da República que há uma semana só pensa nisso. O País não tem problemas, não tem dificuldades? É falta do que fazer, do que cuidar?”, questiona o petista.

Sobre a operação que resultou na morte de Adriano, e que envolveu cerca de 70 pessoas, entre policiais da Bahia e também do Rio de Janeiro, Rui admitiu que o objetivo era prendê-lo com vida, mas que ele atirou contra “pais e mães de família”.

Em uma série de postagens no Twitter, o governador da Bahia repetiu que não mantinha “laços” com milicianos, em clara cutucada à relação da família Bolsonaro com Adriano de Nóbrega. O ex-capitão do Bope foi homenageado por Flávio Bolsonaro na Alerj, e, até 2018, sua ex-esposa e a sua mãe trabalhavam no gabinete do senador. BNews