O vice-presidente Hamilton Mourão disse no domingo (7.abr.2019) que se fosse presidente da República “escolheria outras pessoas” para trabalhar no governo.

“Talvez, pela minha personalidade, eu escolheria outras pessoas pra trabalhar comigo, só isso”, declarou, após ser questionado sobre o que teria feito de diferente do presidente Jair Bolsonaro nos primeiros 100 dias de gestão.

Mourão participou da Brazil Conference, evento promovido por alunos da universidade Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Cambridge, nos EUA. Trata-se de evento anual no mês de abril, organizado pela comunidade brasileira de estudantes na região de Boston, desde 2015.

A imensa maioria dos palestrantes é do Brasil, a maioria dos seminários é em português e grande parte do público é brasileiro. Sobre as medidas tomadas por Bolsonaro no governo, o vice-presidente disse que não há nenhuma divergência.

“Eu vou dizer uma coisa pra vocês: isso é do coração. A minha parceria com o presidente Bolsonaro é total. A gente discute, a gente debate as ideias, mas quando ele toma a decisão, eu estou com a decisão dele 100%. Como é aquela música presidente: ‘faria tudo outra vez’. Eu faria tudo outra vez” , afirmou.

Mourão disse também que a sociedade exige mudanças, mas o governo não tem “uma varinha de condão” e “as coisas levam algum tempo”.

“Na questão previdenciária, por exemplo, temos que convencer o Congresso de uma forma e a população de outra forma. Isso leva algum tempo, é normal pra mim”, disse.

Mourão também defendeu o que chamou de “nova forma de relacionamento do governo com o Congresso”. Afirmou que Bolsonaro busca apoio para aprovação da reforma da Previdência, mas sem oferecer cargos em troca. Segundo ele, a efetividade do método do governo se dará por meio da clareza dos objetivos.

A participação do vice-presidente no evento foi alvo de críticas dentro do governo. Para aliados de Bolsonaro, os compromissos de Mourão “destoam da linha do governo” e suas declarações “parecem contrariar ou desautorizar posições prévias do presidente”.

No entanto, em sua apresentação inicial no Brazil Conference, sem ler o papel que segurava com seu discurso, falou em tom firme em defesa de Bolsonaro.

“Eu gostaria de falar de Jair Bolsonaro: tão criticado e muitas vezes incompreendido. Para Bolsonaro, moldar o futuro é a suprema arte de 1 governo. A visão do presidente é muito clara. Ele está trabalhando para as próximas gerações e não para as próximas eleições. Ele tem firme em sua mente que em 1º de janeiro de 2023, quando entregarmos o bastão para quem nos suceder, o país deverá estar com suas reformas prontas, com a base em condições para que então tomarmos o rumo do nosso destino manifesto”, disse.

“Que no nosso país, a liberdade de expressão, a liberdade de religião, de não ser submetido à vontade de ninguém e à liberdade de ir e vir sem medo, vigorem sempre”, completou. (Poder360)