(Betto Jr/CORREIO)

Para o virologista Gúbio Soares, pesquisador responsável por identificar o Zika Vírus no país, as pessoas só poderão voltar a se aglomerar na Bahia em 2021. Soares acredita que o coronavírus permanecerá ativo na população pelos próximos dois ou três anos, por isso o baiano precisará repensar o seu modo de vida, isso inclui a realização de festas de grande porte, a exemplo do carnaval.

“Não pode ter nenhuma festa com aglomerações – réveillon, festa de largo, shows. Isso tem que ser evitado e só pode acontecer em 2021, depois de uma avaliação de como estará a pandemia. Não deve ter carnaval, principalmente, porque será um desastre total. O vírus está circulando e vai continuar circulando, as pessoas vão estar infectadas e vão transmitir em qualquer aglomeração”, afirmou.

Mas não é preciso ir tão longe. Não serão apenas festas como Lavagem do Bonfim, carnaval ou réveillon que deverão ser evitadas. De acordo com Gúbio Soares, passou de dez pessoas, já é aglomeração. “Mais de dez pessoas já é aglomeração. Se você pegar dez pessoas e colocar no mesmo ambiente, já é aglomeração para o vírus. O vírus só necessita que uma pessoa esteja infectada para transmitir para outras pessoas em qualquer tipo de aglomeração”, disse.

“É o momento de a gente reavaliar as nossas posições em nossas vidas, no sentido de festas. Temos que evitar de qualquer maneira aglomeração, porque isso vai levar a um novo pico, a uma nova pandemia impressionante no Brasil, com muito mais mortes do que a atual”. Professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Soares identificou o Zika Vírus em 2015, junto à pesquisadora Silvia Sardi.

A Bahia já totaliza, de acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), mais de 14 mil casos da Covid-19 e se aproxima de 500 mortes. É esperado pelas autoridades municipal e estadual, para o mês de junho, um aumento no número de casos, avaliação compartilhada por Gúbio Soares, que acredita que o número de mortes vai dobrar no estado.

“Eu acredito que o número de mortes na Bahia vai dobrar e que o número de casos vai aumentar significativamente, porque a própria população não respeita a recomendação de ficar em casa”, disse. Em entrevista ao jornal Correio no dia 29 de fevereiro, quando a Bahia ainda não havia casos registrados de coronavírus, o virologista afirmou que havia sido criado um pânico exagerado em relação ao vírus, porque ele não teria capacidade de se propagar devido ao calor de Salvador.

Hoje, ele assume que fez uma avaliação equivocada. “Havia um erro, porque a gente não pensava que o vírus se adaptasse tão bem à temperatura. Sendo um vírus que aconteceu em um período bastante frio na China, a gente acreditava que ele não se proliferasse aqui. Mas isso foi um pensamento errado, que a gente reavalia hoje que o vírus se adaptou muito bem ao clima e continua se adaptando. Ele não vai desaparecer de Salvador por causa do calor”, afirma. G1