A Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) alertou para uma bactéria, resistente ao uso de antibióticos, identificada entre janeiro e março deste ano, em três hospitais de Salvador. No entanto, não foram divulgados os nomes das unidades de saúde, nem se os hospitais fazem parte da rede pública ou privada da capital baiana. O risco de infecção é apenas para pacientes internados ou equipes que trabalham nas unidades de saúde. Em geral, a população não é afetada.

Em condições normais, a Enterococus faecium é encontrada no intestino humano e o tratamento é feito com antibióticos. O problema é quando surge a resistência aos medicamentos.

“Existe um antibiótico chamado Vancomicina. [O alerta] É importante para que os hospitais fiquem em alerta para o surgimento de novas cepas. A grande situação que implica nisso é a possibilidade de que os hospitais possam viver um surto de Enterococus que são resistentes à Vancomicina”, explica o infectologista Antônio Bandeira.

A preocupação maior, segundo especialistas, é com pacientes internados e com problemas de imunidade. “Aumenta a morbidade do paciente, aumenta muitas vezes o tempo de internação porque ela [a bactéria] pode causar infecção intestinal, urinária, infecção no sangue, no coração”, detalha a médica infectologista Clarissa Cerqueira.

Além do alerta, o Núcleo Estadual de Controle de Infecção da secretaria enviou uma nota técnica com uma série de medidas para evitar a contaminação. Recomendou medidas de controle como higiene das mãos, limpeza e desinfecção do ambiente com produtos à base de hipoclorito e álcool à 70%, além de manter pacientes infectados em quartos separados e uma equipe exclusiva para atender esses pacientes.

Ainda segundo a nota, todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser notificados ao Núcleo Estadual de Controle de Infecção. O documento diz também que a pandemia de Covid-19 pode ter criado ambiente para o uso indiscriminado de antibióticos que favorecem o aparecimento de organismos super-resistentes.

“A gente tem a ideia de que o antibiótico protege, mas o uso do antibiótico em larga escala, ela muda toda minha flora de um hospital e a flora do hospital fica selecionada por bactérias resistentes”, explica o médico intensivista, José Mário Teles. G1