O secretário especial da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, fez um discurso oficial na noite desta quinta-feira (16), para divulgar políticas públicas a serem implementadas na área – com previsão de investimento de mais de R$ 20 milhões – e o que chamou de uma “nova arte nacional”.

O vídeo, gravado no gabinete da Secretaria Especial da Cultura, em Brasília, mostra Alvim rodeado de livros, da bandeira nacional, uma grande cruz e da foto do presidente Jair Bolsonaro. Em tom ufanista, com direito a música dramática ao fundo, ele anunciou o horizonte conservador desenhado por sua gestão para o setor e, conforme apontou o Jornalistas Livres, usou um texto muito semelhante a uma frase famosa de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional; será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”, disse Roberto Alvim. O ministro de Adolf Hitler, por sua vez, afirmou: “”A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.

Veja o discurso do ministro:

Parte do discurso do ministro na qual ele descreve a guinada conservadora na Cultura:

“A Cultura é a base da Pátria. Quando a Cultura adoece, o povo adoece junto. É por isso que queremos uma cultura dinâmica, mas ao mesmo tempo enraizada na nobreza de nossos mitos fundantes. A Pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas.

As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçados ao território sagrado das obras de arte.

Nossos valores culturais também conferem grande importância à harmonia dos brasileiro com sua terra e sua natureza, assim como enfatizam a elevação da nação e do povo acima de mesquinhos interesses particulares.

A cultura não pode ficar alheia às imensas transformações intelectuais e políticas que estamos vivendo.

A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional; será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada.

Ao país a que servimos só interessa uma arte que cria sua a própria qualidade a partir da nacionalidade plena, e que tem significado constitutivo para o povo para o qual é criada.

Portanto, almejamos uma nova arte nacional, capaz de encarnar simbolicamente os anseios desta imensa maioria da população brasileira, com artistas dotados de sensibilidade e formação intelectual, capazes de olhar fundo e perceber os movimentos que brotam do coração do Brasil, transformando-os em poderosas formas estéticas.

São estas formas estéticas, geradas por uma arte nacional que agora começará a se desenhar que terão o poder de nos conferir, a todos, a energia e impulso para avançarmos na direção da construção de uma nova e pujante civilização brasileira”.