Um dos poucos indicados pelo ex-ministro da Saúde Nelson Teich, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Antonio Carlos Campos de Carvalho, deixou a pasta nesta sexta-feira depois de pedir demissão por não concordar com o documento do ministério que orienta o uso da cloroquina em casos leves de covid-19. Carvalho pediu demissão na segunda-feira por discordar do documento com diretrizes para uso da cloroquina em casos leves, exigido pelo presidente Jair Bolsonaro e que levou à queda de Teich.

Em entrevista ao jornal Folha, o secretário, médico, biofísico e professor da Universidade Federal do Rio, afirmou que a decisão foi precipitada, poderia trazer riscos à saúde dos pacientes e aconteceu sem critérios científicos. “Não participei (da elaboração do documento) e nem participaria. No momento em que o ministro pede para sair e as coisas começam a se agravar, com interferência direta em decisões que não se baseavam em critérios científicos, não dava para continuar”, disse Carvalho ao jornal.

A secretaria da qual Carvalho era titular é a responsável pelo acompanhamento de estudos e a avaliação da introdução de novos medicamentos no Sistema Único de Saúde. O documento apresentado na terça-feira – primeiro como sendo um novo protocolo, depois como “orientações” do ministério – foi apresentado em um modelo diferente do que costumam ser os protocolos do ministério e sem assinatura de médicos e secretários da pasta.

Na quinta-feira, depois da discussão sobre a falta de assinaturas no documento, o ministério divulgou uma nota em que dizia que as orientações vinham sendo discutidas pelo seu corpo técnico. “Para deixar clara a participação e o envolvimento de todas as secretarias, os titulares das pastas assinaram o documento ainda na quarta-feira”, diz a nota.