O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, anunciou em entrevista ao Jornal da Manhã desta segunda-feira (6), que o estado ganhará, até a próxima semana, cerca de 200 novos leitos para tratamento de pessoas com coronavírus. A ideia é reforçar a rede de atendimentos para Covid-19 e reduzir a taxa de ocupação.

Segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde (Sesab), dos 2.283 leitos disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivos para coronavírus, 1.467 possuem pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 64%. No que se refere aos leitos de UTI adulto e pediátrico, dos 913 leitos exclusivos para o coronavírus, 725 possuem pacientes internados, compreendendo uma taxa de ocupação de 79%.

“Excluímos os leitos pediátricos, que têm taxa de ocupação baixa, em torno de 30%, e puxava artificialmente a taxa de ocupação para abaixo de 80%. Estamos agora tratando dos leitos adultos. Essa taxa de ocupação na capital está acima de 80%, no interior abaixo de 70%. Iremos, ao longo dos próximos dias, abrir mais leitos em Salvador. A prefeitura e o governo deverão abrir em torno de 70 leitos ao longo desta e da próxima semana. No interior do estado vamos abrir, provavelmente na sexta-feira, mais 40 leitos no Clériston Andrade. Mais 60 ou 70 leitos em municípios do interior. Serão quase 200 novos leitos injetados no sistema”, afirmou.

“Isso deve fazer com que a taxa de ocupação de Salvador caia abaixo de 75%, por volta de 73%, posteriormente abaixo de 70%, preservando a taxa de crescimento atual, que está em torno de 2%”, complementou. A taxa de ocupação é importante para o plano de retomada do comércio desenhado pelo governo do estado e prefeitura de Salvador. Segundo Vilas-Boas, o índice será utilizado como parâmetro para a adoção das fases da flexibilização. O projeto deverá ser detalhado pelo governador Rui Costa e pelo prefeito ACM Neto.

“Nós estamos trabalhando em cima disso. Diversas reuniões foram feitas ao longo das últimas semanas dentro do governo, posteriormente junto com a prefeitura da capital, exatamente para alinhar os parâmetros. Como isso envolve algum grau de entendimento, é importante que se alinhe números iguais. Chegamos a um número, deverá ser anunciado nos próximos dias. O número principal diz respeito à taxa de ocupação hospitalar. Não estamos trabalhando com taxa de crescimento, que é variável, pode ser influenciada pela taxa de testagem. Estamos trabalhando no que interessa, que é a capacidade do sistema em absorver a demanda”, afirmou Vilas-Boas.

O secretário de Saúde também criticou o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Carlos Salles. Na última semana, a Justiça acatou um pedido da Ufba e embargou 24 leitos do Hospital Salvador, que seriam dedicados exclusivamente para atendimento a pacientes com o novo coronavírus. O embargo ocorreu após uma ação movida pela UFBA, que alega que o tratamento de pessoas com Covid-19 na unidade coloca em risco a saúde de gestantes da Maternidade Climério de Oliveira (MCO), gerida pela universidade, e que está com a UTI funcionando no hospital, temporariamente.

“É uma atitude incompreensível, lamentável, essa insensibilidade do reitor da UFBA em adotar essa medida, se dispor a brigar judicialmente para impedir que a prefeitura ofereça 25 leitos de UTI para a população. O governo, inclusive, já orientou a Maternidade Climério de Oliveira, que está em um espaço alugado, que mude o perfil para ser maternidade de gestantes com coronavírus. O sistema público de saúde orientou que mude o perfil. A maternidade presta serviços ao SUS da Bahia, que paga pelo serviço. Eles estão resistentes em aceitar isso, e ainda mais impedindo a abertura de 20 leitos. Lamentável ver a UFBA trabalhando contra o interesse da saúde pública da Bahia”, finalizou o secretário.

Em nota publicada no site da universidade, na sexta-feira (3), a UFBA diz que desde o começo da pandemia, tem atuado firmemente na defesa da vida e da saúde da população, ombreando com a sociedade baiana e suas lideranças na luta contra a pandemia. “Sempre aberta ao diálogo, a Universidade realizou reuniões com a prefeitura para tentar chegar a uma saída razoável, que dispensasse a judicialização do problema, mas não houve acordo”.

A nota fala que é Inaceitável e lamentável pretender tratar pacientes vítimas de Covid-19 no mesmo espaço que abriga gestantes, mães e bebês recém-nascidos, que ficariam perigosamente expostos à contaminação pelo coronavírus.

Ainda segundo a UFBA, a medida é perigosa para a saúde de gestantes, puérperas e recém-nascidos, além do corpo técnico da maternidade, já que, de acordo com pareceres técnicos, o hospital não oferece nenhuma condição de isolamento entre as alas, obrigando o compartilhamento de espaços comuns nas instalações da unidade. “Mais grave ainda: as próprias UTIs – Neonatal e de Covid – ficariam no mesmo andar, separadas apenas por uma precária divisória removível, contrariando todas as normas que regem instalações hospitalares”, diz o documento. G1