Seis meses após o assassinato do mestre Moa do Katendê, em Salvador, a decisão da Justiça da Bahia, de levar o barbeiro suspeito do crime à juri popular, foi recebida com satisfação pela família do capoeirista. A filha de Moa, Somonair Costa, acredita que ele será condenado à pena máxima.

A data de julgamento ainda será agendada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Até lá, Paulo Sérgio Ferreira de Santana segue preso no Complexo da Mata Escura.

“A gente está tendo uma resposta muito rápida. Ele [suspeito] indo a júri popular, eu acredito muito na condenação de pena máxima. Foi um crime muito cruel, com uma pessoa idosa, que ele pegou pelas costas e não teve como se defender. Nós estamos felizes com a forma carinhosa e dedicada que o processo está correndo. A gente recebeu esse comunicado [da decisão do júri] de uma forma muito boa”, disse Somonair.

Paulo Sérgio ao chegar para a audiência de custódia em Salvador — Foto: João Souza/ G1
Paulo Sérgio ao chegar para a audiência de custódia em Salvador — Foto: João Souza/ G1

Somonair conta que a família segue tocando os projetos sociais de Moa, na sede cultural que fica na Avenida Dique Pequeno, no bairro do Engenho Velho de Brotas. O espaço, que está passando por reformas, oferece iniciativas de arte e cultura para jovens da comunidade, como oficinas de música, dança e percussão.

“A gente está tocando os projetos dele para frente, não podemos parar. Quando tem alguma apresentação que a gente é convidado, eu e todos os membros da família estamos ali na frente, dando essa força, porque a gente não pode deixar cair em esquecimento. A gente dá segmento ao trabalho dele, porque é o que ele nos ensinou. Seguimos nessa luta, dando essa força”.

A filha do mestre de capoeira ainda lembrou que era um desejo do pai manter o projeto social. “Era esse sonho que ele vinha buscando há muito tempo, sonho que ele sempre esteve focado. Infelizmente, não deu tempo de meu pai realizar. Não podemos deixar o legado dele se apagar. Essa estrela dele não vai se apagar nunca. Temos que ter fé”

Mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto a facadas em um bar na Bahia — Foto: Reprodução/Facebook
Mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto a facadas em um bar na Bahia — Foto: Reprodução/Facebook

Somonair perdeu o pai dois meses depois da morte da mãe dela. Ela falou também sobre a dificuldade de seguir a rotina sem o apoio dos dois.

“Estou dilacerada. Painho não media esforços para ajudar quem precisasse. Depois da perda de minha mãe, meu pai me deu forças, mas aquele monstro, aquele assassino, tirou a vida de meu pai, covardemente. Ele nos deixou, familiares e amigos, totalmente dilacerados. Não queria que nada disso tivesse acontecido”

“Até hoje, quando vejo documentário [sobre Moa], participo de homenagens , quando estou ali na luta, fazendo meu trabalho como ele sempre me ensinou, me emociono muito. Está sendo muito difícil. Deus nos deu muita força, porque só o coração sabe dizer o quanto ele está sentindo muito”.
Além da morte de Moa, Paulo Sérgio Ferreira de Santana também é acusado de tentativa de homicídio duplamente qualificado por ferir Germino do Amor Divino Pereira, de 51 anos, primo do capoeirista, que tentou defender ele das agressões.
Segundo Somonair, Germino está bem e voltou ao trabalho, mas segue com o trauma por conta da violência. “Ele está bem, trabalhando. Está melhor, mas não dá para esquecer, não é?”, disse ela. Informações do G1