O sumiço do adolescente Davi Fiúza, ocorrido após abordagem policial, em Salvador, completou cinco anos nesta quinta-feira (24). Segundo Rute Fiúza, mãe do jovem, o caso segue sem nenhuma solução e respostas para a família. O garoto sumiu em outubro de 2014, durante uma operação policial na localidade conhecida como Jardim Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto.

O inquérito foi concluído pela Polícia Civil em agosto de 2018, com o indiciamento de 17 policiais militares que teriam participado da abordagem. Apesar do inquérito, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) ofereceu denúncia contra sete deles, por sequestro e cárcere privado. Após denúncia do MP-BA, o caso seguiu para a Justiça Militar.

Nesta quinta-feira, a reportagem em contato com a Polícia Militar, para saber qual a situação do processo na Justiça Militar e apurar se já há um resultado do processo administrativo aberto contra os militares envolvidos no caso. Foi também questionado se os policiais denunciados permanecem trabalhando e em quais funções. Até a publicação desta reportagem, nenhuma resposta foi enviada.

A reportagem também falou com o MP-BA, que informou que após a denúncia feita em setembro de 2018, o órgão acompanha o caso e aguarda o recebimento da denúncia junto à Justiça Militar e o andamento do processo. Desde o sumiço do filho, segundo Rute, a lentidão marca o processo de investigação nesta meia década do desaparecimento.

“O estado, com seus órgãos, tem uma lentidão. Primeiro, para que haja o esquecimento. Depois para que não haja cobrança. Comigo está sendo o contrário. Eu vou cobrar até o final. Nós não temos nenhuma novidade. Isso é aterrorizante. Não vou permitir o esquecimento. Eu sou a mãe dele. Como mãe, tenho total legitimidade de cobrar”, disse.

Ela contou ainda que desde o sumiço do filho, luta para que as pessoas não esqueçam do caso, e que a esperança tem ajudado na rotina marcada pela saudade, reflexão e luta. “Nesses cinco anos, cinco anos de luta, fiz do meu luto uma luta. Não tivemos resposta do estado. É um absurdo. Nós sabemos o que está acontecendo. O que mais dói é saber que há uma lentidão proposital do estado. Hoje, é um dia de reflexão, saudade, mas de esperança. Não posso perder isso. Se não a gente afunda de vez”, completou. G1