“Fui diagnosticado paciente renal crônico. Já fui chamado seis vezes, mas por incompatibilidade, ainda não chegou a minha hora de ser transplantado”. Assim como o representante comercial Valdomiro Martins, de 63 anos, 1.275 pessoas aguardam atualmente na fila de espera para transplante da Central Estadual de Transplantes da Bahia (CET-BA).

Em parceria com a CET-BA, através da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus (HRSAJ) realiza, durante todo o mês, programação educativa e alusiva à Campanha Setembro Verde. Com o lema “Doação de órgãos é assunto de família.

Seja um doador e fale com a sua”, a campanha Setembro Verde 2020 busca conscientizar os baianos sobre a necessidade de não apenas ser doador, mas declarar-se doador de órgãos. Como parte da programação, a unidade reforça a divulgação e promove palestras online sobre a temática, além de realizar ações educativas com os pacientes e também colaboradores.

Na Bahia, a lista de espera para transplante de rim configura como a com o maior número de pacientes (698), seguida pela lista de espera por córneas (567) e fígado (10). Por meio da equipe multiprofissional, o HRSAJ captou, em 2019, 38 órgãos. Rins (16), fígado (07), córneas (12) e corações (03) foram captados na unidade. Em 2020, mesmo em meio à pandemia, 17 órgãos já foram captados.

O objetivo é que ainda mais pessoas possam ser beneficiadas com a doação e captação de órgãos. “Ainda existem muitos mitos envolvendo a questão da morte cerebral e doação de órgãos. Poucas pessoas sabem que essa doação depende de uma autorização familiar; então não há documento específico, nada que se possa fazer em vida, além de comunicar aos familiares e de trabalhar com eles a cultura de doação para que isso possa ser efetivado pós-morte”, afirmou a enfermeira e membro da CIHDOTT-HRSAJ, Isadora Rodrigues.

De acordo com dados da CET-BA, somente 40% dos entrevistados para doação de órgãos e tecidos dizem “sim” à doação. “Já conseguimos diminuir a porcentagem de negativa familiar na Bahia, mas ainda temos muito o que caminhar nesse sentido”, reforçou Isadora.

Apesar das dificuldades enfrentadas por quem aguarda por um transplante, Valdomiro Martins, de 63 anos, segue acreditando na mudança do atual cenário da fila de espera, se declara doador e incentiva a doação de órgãos. “Vamos mudar esse cenário! Doar é um gesto de amor, de carinho. É saber que o órgão da pessoa que você ama continua vivo em outra pessoa”, concluiu.