Alerta de spoiler, mas nem tanto: no filme Oppenheimer, a equipe do cientista interpretado por Cillian Murphy consegue desenvolver a bomba atômica, e os Estados Unidos lançam dois exemplares nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 200 mil pessoas – a grande maioria civis sem envolvimento direto com a Segunda Guerra Mundial.
Um dos maiores massacres da humanidade ocorreu há quase 80 anos, desencadeando uma corrida armamentista e o pavor global de uma guerra atômica. No longa, o processo de escolha das cidades alvo é mostrado. Mas já pensou se os cientistas e políticos americanos decidissem jogar o artefato em Salvador?
O site NuclearSecrecy tem um ferramenta chamada NukeMap que mostra o impacto aproximado que várias bombas atômicas provocariam em determinada região. A maior bomba criada pela equipe liderada por Oppenheimer tem 20 kilotons e foi jogada em Nagasaki, causando aproxidamante 80 mil mortes.
Trata-se de apenas uma simulação cujo resultado real depende de diversas variáveis, como condições climáticas, altura da explosão, relevo do terreno e bairro onde ela seria despejada. Além de que, até onde se sabe, não há nenhum risco de Salvador ser bombardeada. O CORREIO realizou uma simulação com o explosivo sendo detonado a 200m de altura no Elevador Lacerda.
Neste caso, toda a região num raio de 130 m² seria vaporizada instantaneamente – o que inclui Mercado Modelo, Praça da Sé e Museu Cidade da Música. Já os prédios no raio de 1,16km² seriam severamente danificados e a quantidade de mortos beiraria os 100% de pessoas na região, que engloba boa parte do Pelourinho, Comércio e Avenida Sete, chegando até a altura da Praça da Piedade.
Já no raio de aproximadamente 6 km as construções também seriam avariadas, com chances altas de incêndio. A explosão também seria fatal para a maioria dos ocupantes da região, e mesmo os sobreviventes provavelmente morreriam em até um mês graças ao efeito da radiação. Essa região afetada envolve os bairros da Lapa, Nazaré, Saúde, Barris e Tororó – incluindo a Fonte Nova.
Um quarto raio, esse de 16 km², afetaria os bairros da Vitória, Garcia, Federação, Santo Agostinho, Sete Portas, Barbalho e Água de Meninos, além de parte de Brotas. Quem estivesse nessa região enfrentaria queimaduras de terceiro grau, risco de amputamento de membros e algumas mortes também são esperadas.
O quinto e último raio é o maior de todos, com quase 38 km², e agrega Lapinha, Cidade Nova, Vila Laura, Luiz Anselmo, o resto de Brotas, Federação, Graça, Ondina, chegando até o Zoológico. Nessa área a principal problema seriam as janelas de vidro se estilhaçando e potencialmente ferindo as pessoas.
A partir da Barra, Rio Vermelho, Candeal, Horto Bela Vista e Calçada, a população estaria a salvo em um primeiro momento. Para os moradores desses bairros mais afastados do epicentro da hipotética explosão os efeitos poderiam ser sentidos semanas, meses e até anos graças a radiação.
O número de mortes é difícil de ser estimado, mas certamente chegaria as centenas de milhares. Nagasaki, por exemplo, tinha 260 mil habitantes em 1945, dos quais 80 mil foram vítimas fatais. Salvador atualmente tem 2,4 milhões de habitantes.
Outras bombas
Essa simulação foi feita com base na “Fat Man”, bomba criada por Oppenheimer e sua equipe que tinha 20 kt. Atualmente, existem bombas muito mais poderosas, sendo a Tsar, testada pela União Soviética em 1961, a maior delas, com 58 mt.
A Tsar dizimaria praticamente 100% da população soteropolitana e construções da capital, incluindo boa parte da região metropolitana e Ilha de Itaparica. Os danos se extenderiam até Monte Gordo, São Sebastião do Passé, Santo Amaro, Maragogipe e Nazaré.
Atualmente, nove países possuem bombas atômicas, sendo eles EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha, Índia, Paquistão, Israel e a Coréia do Norte. Correio da Bahia