Foto: Carolina Diniz/G1AM

Quase 80% das farmácias de Salvador e região metropolitana não têm álcool em gel ou produtos de proteção, como máscaras cirúrgicas ou luvas. A informação foi confirmada pelo Sindicato das Farmácias da Bahia. Os estabelecimentos enfrentam dificuldades para comprar esses materiais desde que começaram os primeiros casos do novo coronavírus na Bahia.

O álcool em gel, por exemplo, é um dos principais produtos para a higiene. Já as máscaras, são indicadas paras as pessoas que testaram positivo a Covid-19. Até quarta-feira (25), o número de casos de pacientes infectados com coronavírus na Bahia passava de 90.

Apesar disso, os farmacêuticos afirmam que a situação piorou nos últimos 10 dias, quando esses materiais deixam de chegar as farmácias das cidades. E não há previsão para que o abastecimento seja normalizado.

“Todos os nossos fornecedores principais dizem que não têm previsão e que estão colocando a gente em uma lista de espera. Eles informam diariamente que o produto está escasso, e a gente está ai, há 10 dias sem álcool em gel e alguns Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)”, afirmou o farmacêutico Gerson Leite.

Gerson disse ainda que a situação é similar nas farmácias de vários colegas. “Faço parte de um grupo com donos de farmácia [e alguns deles] estão pior que nós. Eles estão desde o inicio do mês sem álcool em gel e esses outros produtos”, completou. Além desses produtos, o farmacêutico pontuou ainda que a procura por vitamina C cresceu tanto que o abastecimento das marcas mais baratas ficou impossível.

“Antes da [pandemia], nós tínhamos uma média de oito a 10 marcas de vitamina C. Depois desse momento, nós não conseguimos mais comprar. Não conseguimos manter essa variedade. está acabando muito rápido. O tempo de reposição tem sido muito demorado. Por isso, aquelas marcas mais em conta para o consumidor estão ficando mais difícil a aquisição”, disse. Ele contou também que alguns remédios indicados para lúpus e outras doenças também ficaram em falta.

“No primeiro momento o anúncio desses remédios como uma opção terapêutica, nós tivemos uma busca que ficamos assustados. Fomos verificar com o que estava acontecendo. Começou uma busca por pessoas que queriam prevenir o novo coronavírus. O problema foi causado para as pessoas que faziam o uso contínuo da droga. As pessoas ligavam, pediam para reservar para eles, mas não conseguimos. Nosso estoque zerou”, completou.

Na segunda-feira (23), como medida a procura desses medicamentos, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que vai garantir o acesso gratuito aos medicamentos com a substância hidroxicloroquina para todos os pacientes que tiverem exames ou receitas médicas que comprovem a necessidade do uso, mesmo que não estejam cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS).

Decreto do Governo da Bahia pode ter contribuído para escassez dos EPIs

O Governo da Bahia anunciou no dia 20 deste mês que criou um decreto para a requisição administrativa de serviços e bens, a exemplo de máscaras cirúrgicas, máscaras de proteção, luvas, aventais hospitalares, óculos de proteção e antissépticos.

Segundo o Governo, o objetivo é garantir que não faltem itens fundamentais, nas unidades de saúde, para o enfrentamento ao vírus. O decreto tem prazo de 180 dias e pode ser prorrogado.

De acordo com Gerson Leite, não há informações de recolhimentos de álcool em gel nas distribuidoras pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). “Nesse caso, o que prevalece é a lei da demanda mesmo. As pessoas estão procurando muito”.

No entanto, ele pontuou que já soube de recolhimentos de outros materiais pelo governo. “Apesar disso, tenho informações de recolhimentos feitos pelo governo nas distribuidoras de materiais como luvas, aventais e máscaras cirúrgicas”, pontuou. G1