Foto: Josival Santos

“Umas 15h30 eu estava no trabalho e as pessoas estavam falando. Só que minha família não estava em casa. Meu pai estava em outra rua, em outro local. Aí, eu fui procurar ele, mas já era tarde demais. Só deu tempo pegar os documentos mais importantes e a nossa vida”. O depoimento é da jovem Raynara da Conceição Santos, 23 anos, que foi um dos moradores da cidade de Coronel João Sá que tiveram a casa inundada depois que o município foi invadido por águas de uma barragem que fica no distrito de Quati, na cidade vizinha de Pedro Alexandre.

Não há registro de feridos ou desaparecidos em nenhuma das duas cidades, entretanto cerca de 500 pessoas estão desalojadas, segundo informações divulgadas na manhã desta sexta pela administração municipal de Coronel João Sá. Raynara conversou no abrigo improvisado na Escola Municipal Ruy Barbosa, para onde foi encaminhada junto com o filho de quatro anos, o pai e a madrasta, após ficarem desalojados — a instituição de ensino é uma das quatro escolas que receberam famílias vítimas da enchente.

Eles moram na Rua Senhor do Bonfim, no centro da cidade, um dos locais mais afetados, por conta da proximidade com o rio. “A maioria dos móveis e roupas a gente perdeu. A gente conseguiu salvar o sofá ainda. Mas TV, som, essas coisas, perderam tudo. Já aconteceu do rio encher uma vez, mas nunca veio até a nossa casa como agora”, destaca Raynara.

Os moradores que, mesmo com a inundação, conseguiram ficar em casa, passaram a madrugada fazendo limpeza. Eles dizem que a água só começou a escoar já perto da meia-noite. O mecânico José Carlos Almeida, de 51 anos, conhecido na região como Carlinhos, estava na borracharia onde trabalha, também no centro da cidade, quando, do nada, viu a água invadindo o local.

“Chegou de repente e começou a invadir tudo a cidade. Ficamos todos nadando na água, que ficou quase um metro de altura aqui na avenida. Os carros nem passavam aqui, porque a água chegava a bater no peito”, afirma. Ele também teve muitos prejuízos com a inundação. “Os móveis molharam tudo, geladeira, sofá, guarda roupas. Não deu nem tempo tirar nada, foi ligeiro demais. Fazer o que né? É esperar por Deus”, destaca.

A ponte que liga o bairro Sanharol ao restante da cidade ficou submersa, e moradores ficaram ilhados na localidade até a madrugada. A ponte, feita de concreto, segundo os moradores, tem pouco mais de seis metros de altura. Na manhã desta sexta-feira (12), a ponte permanece submersa, mas o nível da água diminuiu, e motociclistas já conseguiam passar. G1