“Foi uma surpresa e ao mesmo tempo uma sensação de gratidão mesmo por ele já nascer imunizado né?”, disse ao G1, a médica ginecologista Patrícia Marques, mãe do bebê que nasceu com anticorpos contra a Covid-19 em Salvador, após ela ser vacinada quando ainda estava grávida. O anúncio do caso foi divulgado nesta última quarta-feira (26), pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).

Esse é o primeiro registro de recém-nascido com a imunidade na Bahia, desde o início da vacinação. No Brasil, no entanto, há registro de outros dois casos, um em Santa Catarina, onde a mãe também foi imunizada, e outro no Acre, em que a mãe teve Covid-19, mas não apresentou sintomas. Patrícia Marques recebeu a primeira dose da vacina em fevereiro. Na época, Patrícia se vacinou por ser profissional da Saúde, sob recomendação e acompanhamento da obstetra dela.

“A gente optou por tomar a vacina, porque eu estava trabalhando ainda, bastante exposta e agora com essa notícia positiva, a gente fica feliz”, comemorou a mãe do pequeno Matheus. Em Salvador, a mãe do bebê que nasceu com anticorpos é a médica ginecologista Patrícia Marques. Ela recebeu a primeira dose da vacina em fevereiro. Na época, Patrícia se vacinou por ser profissional da Saúde, sob recomendação e acompanhamento da obstetra dela.

“Engravidei nessa fase difícil da pandemia e não pude deixar de trabalhar. Continuei atendendo nos consultórios, na parte da obstetrícia. Ainda mantinha uma carga horária presencial. Então, conversei com minha obstetra, que estava me acompanhando”. “A gente entrou em um acordo que, por eu estar exposta ainda, o risco da doença poderia ser bem pior que o risco de tomar vacina. Em comum acordo, a gente decidiu tomar a vacina”, conta Patrícia.

A vacina que Patrícia Marques tomou foi a Oxford/AstraZeneca. Na época, ainda não havia a recomendação do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que gestantes não fossem vacinadas com esse imunizante. Atualmente, a vacinação de grávidas com Oxford/AstraZeneca está suspensa na Bahia. “Meu filho nasceu no dia 21 de maio e eu resolvi fazer o teste para a gente ver. Para a nossa surpresa e felicidade, estamos os dois imunes”.

“Ele é ótimo, mama direitinho, é ótimo”, revelou a gincologista. Com a resposta imunológica do filho, Patrícia conta que segue monitorando a proteção de ambos contra a Covid-19, e que seguirá mantendo as proteções necessárias para prevenir a infecção.

“Agora é acompanhar e ver até quando temos essa proteção, mas ciente de que a gente não pode vacilar, que teremos que manter o acompanhamento, manter a proteção, não deixar o uso de máscara, o distanciamento, que ainda é o que vai manter o controle dessa pandemia”.

Para os infectologistas, a imunidade de Matheus é para ser comemorada, mas com cautela porque algumas perguntas ainda precisam ser respondidas. “se de fato essa imunidade vai ser efetiva pra poder proteger esses bebês contra a infecção da covid-19 e, principalmente, por quanto tempo essa imunidade irá durar”, disse o infectologista Robson Reis.

Imunidade testada

O teste de imunidade, com amostras de sangue da mãe e do bebê, foram coletados dois dias após o nascimento da criança, pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA). Os anticorpos foram confirmados no teste de sorologia. O bebê é acompanhado por médicos e passará por exames regulares, para avaliar a duração da presença da imunidade. Para a diretora da Vigilância Epidemiológica do Estado, Márcia São Pedro, esse monitoramento é importante.

“Embora não haja protocolos definidos pelo Ministério da Saúde para avaliação de recém-nascidos, consideramos que este é um importante passo no monitoramento dos casos e para novas discussões sobre vacinação de gestantes”, disse ela. De acordo com o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, o caso de Patrícia e o filho dela comprovam a eficácia da vacinação. “Este é mais um exemplo da eficácia da vacina, que conseguiu transferir a memória imunológica de longo prazo (IgG) da mãe para o bebê”, disse.

Bebê com anticorpos contra Covid-19

No dia 19 de maio, a Secretaria de Saúde de Tubarão, no Sul catarinense, informou que um bebê nasceu com anticorpos contra a Covid-19 na cidade. A mãe, Talita Mengali Izidoro, é médica, trabalha em um posto de saúde da cidade e foi imunizada com a CoronaVac quando estava com 34 semanas de gestação.

Enrico nasceu no dia 9 de abril. O teste que comprovou a presença de anticorpos foi realizado dois dias após o nascimento e foi avaliado por diferentes médicos, incluindo o secretário municipal de saúde de Tubarão, o obstetra que acompanhou a criança, a mãe de Enrico, além dos profissionais do laboratório que fez o exame.

De acordo com diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, antes do caso de Enrico, não havia relatos semelhantes no país. Os especialistas acreditam que o caso de Enrico pode ter sido o primeiro a ser registrado no Brasil.

Além do caso de Enrico, um casal da cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, descobriu que a bebê também nasceu com anticorpos contra a Covid-19, após resultado de um exame em 18 de maio. A mãe, a empreendedora Joicilene de Souza Ramirez, de 35 anos, tinha feito um teste ainda no oitavo mês de gestação, que deu negativo para a doença.

Entretanto, novos exames mostraram que ela tem anticorpos contra a infecção causada pelo novo coronavírus. A mulher não teve sintomas da doença, mas a surpresa para a família foi que no exame feito neste mês de maio ficou confirmado que tanto a mulher como o bebê possuem anticorpos para a Covid-19. G1