O Brasil pode perder o certificado de erradicação do sarampo caso novos casos sejam registrados até fevereiro de 2019. A doença estava erradicada no país desde 2016, quando o certificado foi concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Até a última segunda-feira (10), foram confirmados mais de 10 mil casos de sarampo. Somado a isso, o país tem registrado queda na cobertura vacinal da população.

 

Em 2017, o Ministério da Saúde registrou o menor índice de vacinação em crianças menores de um anos dos últimos 16 anos. Todas as vacinas recomendadas para adultos também estão abaixo da meta de cobertura ideal. Em 2018, a campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite para crianças de um a cinco anos atingiu a meta de 95% em todo o país.

 

No entanto, a cobertura da vacina em adultos ainda permanece em baixa, assim como o acumulado para outras vacinas segundo informações do G1. A taxa de cobertura da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é de apenas 4,7% no acumulado entre 1994 e 2018. A meta é 95%. Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, o surto de sarampo no país está diretamente associado à queda na cobertura vacinal.

 

“A nossa última epidemia foi no Ceará em 2016.Foi no encerramento dessa epidemia que recebemos a certificação da eliminação do vírus. Essa era a nossa situação até o surto na Venezuela e a migração na nossa fronteira em Roraima primeiro e depois no Amazonas”, afirmou.

 

“A cobertura vacinal não estava adequada, indivíduos da Venezuela com sarampo, encontraram vários suscetíveis. Isso reflete a nossa baixa cobertura e não é culpa dos venezuelanos, se fosse um italiano, um russo ou americano… a responsabilidade é nossa que não estávamos devidamente vacinados”, avaliou Kfouri.