Os familiares do casal que morreu após ser espancado em Barra do Pote, no município de Vera Cruz, na madrugada desta terça-feira (29), alegam que os suspeitos chamaram as vítimas de ‘X9’ durante a execução do crime. A gíria significa ‘traidor’ e normalmente é utilizada quando uma pessoa é considerada informante da polícia.

“Eles falaram que estavam matando eles porque eram ‘X9’, mas meu pai não se envolvia em nada, muito menos a minha mãe”, relata uma dos seis filhos do casal, que não quis ter a identidade revelada. As vítimas foram identificadas como Paulo de Souza Rodrigues, de 65 anos, e Magnólia da Silva, de 55 anos.

Segundo a família, o crime aconteceu por volta de 1h da manhã. Quatro homens armados foram até a casa e acordaram as vítimas com gritos e xingamentos. O senhor de 65 anos foi espancado pelos suspeitos e a outra vítima, Magnólia, conseguiu fugir para a casa vizinha, que pertence a seu filho. A nora dos idosos, grávida, e quatro crianças com idades entre 1 e 5 anos, estavam na residência.

O filho das vítimas consegui sair do local e chamar a polícia. Enquanto isso, os suspeitos incendiaram a casa do casal e o corpo de Paulo foi carbonizado. Após atearem fogo na casa do patriarca da família, o grupo foi até a casa vizinha, onde Magnólia estava escondida. Ela, o neto de um ano e a nora de 23 anos, grávida de cinco meses, também foram espancados pelos suspeitos.

“Quando meu irmão chegou com os policiais, minha mãe ainda estava viva. Ela morreu no colo dele, apertando a mão dele”, desabafa. Magnólia foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas não resistiu e morreu. A criança de um ano também recebeu atendimento médico, mas não teve o estado de saúde divulgado.

A nora do casal levou golpes na cabeça e precisou tomar 30 pontos. Ela, o marido e os filhos foram levados para casa de parentes que vivem fora do município de Vera Cruz. Segundo a filha das vítimas, os pais se mudaram de Salvador para a Ilha de Itaparica há cerca de um ano e meio.

“Meu pai queria tranquilidade, queria passar a velhice dele em um lugar mais tranquilo, mais calmo, e achou que a ilha era um bom lugar para fazer isso”, conta. Os moradores do local atribuem o crime ao tráfico de drogas. Segundo um morador, os traficantes cobram dinheiro aos comerciantes da região. G1