Cinco suspeitos de envolvimento no ataque ao ônibus do Bahia prestaram novos depoimentos na segunda-feira (14), na 6ª Delegacia Territorial, no bairro de Brotas, em Salvador. Quatro deles fizeram uma acareação durante a manhã, para confrontar as versões apresentadas por cada um. Segundo apurações do ge, estiveram no local, Jaderson Santana Bispo, conhecido como “Jau”, suspeito de ter atirado o explosivo; um torcedor chamado Marcelino Neto e outro que se chama Marcelo.

O presidente da torcida organizada Bamor, Half Silva, também prestou depoimento e foi o último a deixar o local. Todos os outros suspeitos também são integrantes do grupo. Em contato com a equipe de reportagem, Otto Lopes, advogado que representa a Bamor, afirmou que, no dia do ataque, os suspeitos soltaram fogos como forma de incentivar o time antes da partida.

A delegação chegava à Arena Fonte Nova quando o ônibus foi atingido, antes de enfrentar o Sampaio Corrêa, pela Copa do Nordeste. O goleiro Danilo Fernandes e o lateral Matheus Bahia ficaram feridos. Na quarta-feira (9), a delegada responsável pelo caso, Francineide Moura, informou que todos os suspeitos do ataque ao ônibus foram identificados. No entanto, apesar da informação sobre identificação, não há detalhes sobre a quantidade de suspeitos envolvidos.

A delegada disse que duas pessoas que teriam participado do ataque já foram ouvidas, e os outros foram intimados a depor. Todos são da torcida organizada Bamor. “Eu já consegui identificar. Conseguimos identificar pelo trabalho da polícia, não porque eles colaboraram e a princípio todos são da Bamor”, disse a delegada.

Segundo a delegada, os suspeitos de participar apresentam a mesma versão: eles alegam que iriam participar de um jogo de futebol e, por isso, estavam no local esperando outros membros da torcida organizada. Quando o ataque aconteceu, eles fugiram. “Eles chegam no local por volta das 17h40 e a ação acontece às 20h. Então eles estavam ali há muito tempo e com certeza aguardando o ônibus do clube passar no local”, contou Francineide Moura.

A versão apresentada é contestada pela delegada. A Polícia Civil recebeu nesta quarta-feira (9) o laudo da perícia de um dos carros utilizados no ataque. O resultado foi positivo para a presença de explosivos. Nos próximos dias, devem ser entregues os resultados dos outros veículos. Francineide Moura tem mais duas semanas para concluir as investigações. Além das pessoas que participaram ativamente do ataque, a delegada espera identificar os possíveis mandantes do crime.

“Nós temos certeza que aquela situação não foi um acaso, que foi algo programado, que eles estavam combinando tempo e claro que eles prepararam o material que eles jogaram. Eles vão responder por tentativa de homicídio”. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) acompanha as investigações da Polícia Civil com relação ao ataque para que medidas legais sejam adotadas, com a conclusão do inquérito.

No ataque ao ônibus, um dos artefatos explosivos atingiu a janela do lado direito, onde ficam as últimas cadeiras do coletivo. Um assento ficou rasgado e pedaços de vidro espalhados pelo coletivo. O veículo foi levado a uma garagem na região de Itinga, em Lauro de Freitas, próximo ao antigo Centro de Treinamento do Bahia, o Fazendão.

Câmeras de segurança da região da Avenida Bonocô flagraram o momento do crime. No vídeo, é possível ver dois carros e a ação de sete pessoas, que fogem após atirar os explosivos. Os veículos que aparecem nas imagens pertencem a membros da Bamor, sendo um deles o Half Silva, presidente da organizada.

Half prestou depoimento na 6ª Delegacia de Brotas, na tarde do dia 25 de fevereiro. Para a polícia, ele é considerado suspeito de envolvimento no crime. No entanto, a defesa do investigado alega que ele estava em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km da capital, onde assistia a partida entre Bahia de Feira e Coritiba, pela Copa do Brasil. G1