Lyon Santos/ MDS

O Tribunal de Contas da União (TCU) calcula uma economia anual de aproximadamente R$ 12,94 bilhões com uma “readequação” do desenho do programa Bolsa Família. Segundo a Corte de Contas, seria possível fazer “uma alocação mais eficiente dos benefícios do programa alcance o mesmo nível de combate à pobreza”.

As informações constam em relatório de fiscalizações em políticas e programas do governo, divulgado pelo TCU nesta quarta-feira (25). O documento foi enviado ao Congresso Nacional. Segundo o órgão, o desenho do programa cria incentivos para que os integrantes de uma mesma família se cadastrem de forma separada. O relatório também afirma que há “desincentivo do desenho atual do Programa à formalização no mercado de trabalho”.

A Corte de Contas cita algumas causas para as inconsistências encontradas:

  • manutenção de benefício complementar, desconsiderando o tamanho da família;
  • pagamento por família, não pelo número de membros;
  • metodologia desatualizada e inclusão potencialmente indevida de famílias no programa;
  • falta de continuidade nos limites para qualificação para o programa, junto ao “valor médio elevado do benefício” — cerca de metade do salário-mínimo.

Diante dos achados na fiscalização sobre o benefício, o TCU recomentou ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) a readequação do Bolsa Família. O redesenho deveria ser feito, segundo o Tribunal de Contas, “levando em consideração os problemas de focalização, sobretudo, os prováveis erros de inclusão, seus efeitos no mercado de trabalho e a ampliação das revisões e das averiguações do CadÚnico”.

Prejuízo de R$ 34,2 bi em 2023

Em 2023, o TCU encontrou algumas inconsistências nos cadastros do programa. Na ocasião, o Tribunal projetou prejuízo potencial de R$ 34,2 bilhões em 2023. A área técnica chegou a esse valor considerando 4,7 milhões de famílias que descumpriam os critérios de qualificação. Esse número representava 22,5% dos beneficiários.

Segundo o relatório, entre as inconsistências encontradas:

  • 40,3% tinham renda superior à declarada;
  • 33,4% tinham composição familiar diferente da que foi declarada;
  • 14,8% dos endereços eram diferentes ao que foi declarado para fins de obtenção do benefício;
  • havia registro de 29,8 mil CPFs inválidos e 283 mil pessoas falecidas no CadÚnico. G1