A temporada de baleias jubarte tem estimulado o turismo de observação em Salvador. Segundo o presidente do Instituto Redemar Brasil, William Freitas, os animais estão mais costeiros, comportamento atípico em outros anos.
“Por acaso, esse ano elas estão com um comportamento atípico de estarem mais costeiras. É importante que a gente entenda essa interação e possa se preparar para ter uma relação muito mais harmônica com as baleias no período de migração”, disse William Freitas.
As primeiras baleias jubarte começaram a ser vistas no litoral baiano, em julho, em seu ritual anual de acasalamento e reprodução na costa brasileira. A espécie viaja da Antártida até o Brasil para se reproduzir e os primeiros indivíduos costumam chegar no mês de maio, e geralmente o espetáculo segue até o mês de novembro. Nesta temporada, mais de 20 mil baleias são esperadas no país.
Essa é a primeira temporada de observação do Instituto Redemar Brasil na capital baiana. O que tem chamado a atenção dos biólogos é a proximidade dos animais com a costa.
As baleias voltaram a ocupar uma área que elas costumavam a frequentar há muitas décadas, o que pode ser explicado pelo trabalho de proteção e preservação da espécie.
“Como a população está crescendo, o último censo registrou 20 mil indivíduos e a gente mapeou as áreas por onde elas estão passando, então a gente já tem uma ideia dos locais onde elas aparecem mais vezes”, disse o biólogo e coordenador do Projeto Baleias Soteropolitanas, Victor Bandeira.
O ponto de partida para as pessoas que têm interesse em flagrar as passagens das baleias em Salvador é o Terminal Náutico, no coração da Baía de Todos-os-Santos.
“Importante que a gente esteja sempre atento aos primeiros sinais do comportamento, os borrifos e os splashs, que são os comportamentos de saltos delas. Contando com a sorte a gente pode avistar muito mais baleias, se aproximando delas e fazendo essa observação”, disse o supervisor do Projeto Baleias Soteropolitanas, Matheus Serra.
Os visitantes das baleias terminam satisfeitos com um verdadeiro espetáculo, com grandes acrobacias. O momento foi encarado como um presente para a turista Priscila Hortério, que fez o passeio.
“Foi muito inesquecível, porque um animal tão grandioso, a gente ver de perto. Foi inexplicável, mágico”, relatou.
Curiosidades
Todos os anos, as ilustres visitantes viajam por cerca 2 meses, da Antártida até o Brasil, para acasalar, reproduzir, e dar um show para quem tem o privilégio de vê-las.
- Elas vivem nas águas geladas da Antártida e viajam para o hemisfério sul para acasalar e reproduzir;
- O alimento básico das jubartes é o krill, que se parece com camarão;
- Antes de migrarem para o Brasil, elas se alimentam o suficiente para acumular gordura e se manter por 4 a 6 meses, pois não se alimentam em águas brasileiras;
- No período de reprodução, as baleias jubartes nadam sempre acompanhadas pelo filho ou pelo macho;
- Quando estão conquistando as fêmeas, os machos criam o chamado “grupo competitivo”, cantam para chamar a atenção delas, agitados, se batendo, se exibindo;
- A gestação delas dura 11 meses. Cada jubarte tem um filhote a cada três anos, mais ou menos;
- O filhote mama cerca de 100 litros de leite por dia e engorda de 20 kg a 30 kg por dia;
- Ela vira adulta a partir dos 6 anos. Antes disso, é considerada juvenil, é mais curiosa e está mais exposta a riscos;
- Geralmente, ela vai chegar na maturidade sexual aos 5 anos;
- As jubartes mudam a linguagem, o “sotaque”, com o passar dos anos. Os sons emitidos por elas mudam de geração em geração.
- Não são agressivas;
- A legislação do Brasil estabelece que barcos comuns fiquem a 100 metros de distância das baleias, mas é comum também que os animais se aproximem de algumas embarcações por conta própria Embarcações de grupos de pesquisa e monitoramento são autorizadas a se aproximar;
- É proibido nadar com elas. G1