© Acervo/MPT Mato Grosso do Sul

O time de futebol Jacobinense, o ex-prefeito de uma cidade no interior da Bahia e diversos garimpos integram a “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O documento reúne nomes de empregadores de todo o Brasil, que responderam ou respondem a processos administrativos por manterem funcionários em circunstâncias semelhantes à escravidão.

A última atualização da lista foi feita na segunda-feira (7). Segundo o MTE, na Bahia pelo menos 271 pessoas que eram mantidas nessas condições foram resgatadas nas ações entre 2019 e 2024. Um desses casos envolve o time de futebol Jacobinense, que disputou a série B do campeonato baiano deste ano e foi rebaixado. Em junho de 2022, cinco adolescentes foram resgatados no alojamento da equipe no bairro de Cajazeiras, em Salvador. O g1 tenta contato com o clube.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA), os jovens que estavam no local faziam treinos para a divisão de base do time. Eles não tinham liberdade para ir e vir, além de serem submetidos a uma carga de treinamento intensa e receber alimentação inadequada. Ainda conforme o MPT, o inquérito segue e no dia 19 de setembro o órgão apresentou uma proposta para assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que está sendo avaliada pelo clube. O prazo para análise é de 30 dias.

Ex-prefeito integra lista

O ex-prefeito de Cardeal da Silva, cidade que fica a 130 km de Salvador, Manoelito Argolo, também integra a “lista suja”. Em 2018, fiscais do Ministério do Trabalho resgataram um homem que era mantido em condições análogas às de escravidão junto ao filho de 12 anos em uma fazenda pertencente ao político. Conforme o MTE, os dois estavam em um casebre sem água, com gambiarras elétricas, manchas de fezes de morcegos na estrutura e banheiro sem descarga.

Na mesma época, em outra propriedade dele, os fiscais encontraram 15 empregados sem equipamentos de proteção, recebendo menos que um salário mínimo, sem recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), nem férias. Os relatos dos trabalhadores falam de até 30 anos nessas condições de trabalho. A segunda propriedade não consta na “lista suja”. O político tem propriedades com pista de pouso e hangar para aviões, além de um grande parque de exposições. O filho dele, Manoelito Argolo Júnior, foi eleito prefeito de Entre Rios no domingo (6). G1