Foto: Lucas Figueiredo / CBF

No fim de semana em que se tornou campeão com a seleção brasileira pela primeira vez, na vitória por 3 a 1 sobre o Peru, e foi questionado diversas vezes sobre seu futuro, Tite se limitou a dizer que acertou um contrato até 2022 com o presidente da CBF, Rogério Caboclo. Para ele, o compromisso responde qualquer dúvida.

Ele não tem intenção de sair. Embora tenha se recusado a dizer com todas as letras que continuaria, comentou ações e ideias para os próximos meses. Tite tem apoio total do grupo de jogadores e um desejo fortíssimo de disputar – e conquistar – a Copa do Mundo de 2022.

Internamente, dirigentes da CBF, após o título, não admitiam qualquer chance do treinador pedir demissão e deixar a seleção brasileira depois de três anos. Na festa, num hotel de luxo em Copacabana, na zona sul do Rio, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, disse:

– Não há saída de ninguém. A comissão técnica se mantém íntegra e permanente. Não há esse comentário – disse o presidente. Mas Tite tem uma preocupação: a manutenção do nível de trabalho de sua comissão técnica.

Edu Gaspar e Fernando Lázaro se despediram com o título diante do Peru. O coordenador vai trabalhar no Arsenal e o analista de desempenho será auxiliar de Sylvinho, outra baixa da Seleção, no Lyon. Em quase três anos à frente da Seleção, Tite tem dividido funções cada vez mais.

Ele considera extremamente essencial a manutenção de uma comissão técnica fixa e fortalecida, e não esconde o desejo de trabalhar com nomes de sua confiança. Por isso, o substituto de Edu Gaspar pode se tornar uma questão determinante para os próximos passos da Seleção.

Embora coordenador, Edu tinha mais ligações com a comissão técnica, até em razão de seu histórico no Corinthians ao lado do treinador e dos auxiliares, do que com a cúpula da CBF. Embora dirigentes não tenham lamentado tanto sua saída para o Arsenal, Tite sentirá muito sua ausência.

– O trabalho foi nota 10 nessa Copa América, não há nada que eu possa falar. O trabalho do Edu foi espetacular – disse o auxiliar Cleber Xavier, ao lado de Tite na entrevista pós-título.

O nome de Juninho Paulista, que esteve no camarote da CBF e foi até a festa em Copacabana, surge com força por ter um raro perfil determinado pela CBF: experiência em campo – foi campeão mundial em 2002 – e também como gestor – está licenciado do cargo de presidente do Ituano. Ele está na diretoria de desenvolvimento da entidade. Tite se recusa a indicar quem quer que seja, mas, caso seja consultado, dirá que Juninho é um nome do seu agrado.

O técnico acha que o Brasil não teria vencido a Copa América sem uma equipe robusta, que tem preparador físico, fisiologista e analistas de desempenho exclusivos da Seleção. Cita as recuperações de Thiago Silva, que passou por artroscopia no joelho semanas antes de se apresentar, e Firmino, lesionado na reta final da temporada europeia, como exemplos. Outro jogador listado como mérito da comissão é Arthur, há muito tempo sem atuar por 90 minutos no Barcelona, e preparado para suportar fisicamente a Copa América como titular.

Em nota, a CBF disse que irá manter sua comissão técnica em caráter permanente. Embora não tenha ficado lá muito claro o que isso quer dizer, Tite acredita no diálogo aberto com o presidente Rogério Caboclo para pavimentar o caminho até a Copa do Mundo de 2022. Ambos se cumprimentaram com um longo abraço na cerimônia de premiação, no Maracanã. Globoesporte