Foto: Reginaldo Teixeira/Globo

No ar interpretando Alberto em Bom Sucesso, o ator Antonio Fagundes, 70 anos, falou sobre a escolha de Regina Duarte, 72, para a Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta sexta-feira (24), o ator afirmou que tem “pena de artista que entra nessa jogada”.

— Temos tanta coisa para fazer e o jogo sujo da política só pode trazer coisa ruim. Torço para que a Regina não saia queimada.

Com idades similares, os dois artistas chegaram a contracenar, como pares românticos, nas novelas Vale Tudo (1989) e Por Amor (1997). De acordo com Fagundes, Regina sempre foi “uma ótima companheira”.

Sobre a situação da cultura no país, com a extinção do ministério dedicado à área e a diminuição de verbas em editais, o ator foi mais crítico. Mas ressaltou que o descaso com as artes “não é prerrogativa desse governo, acontece desde 1500”.

— O fato é que, com dotação orçamentária de 0,6%, ninguém consegue gerir um patrimônio cultural do tamanho do Brasil. Não falo só de teatro e cinema, mas de patrimônio histórico, museus, sinfônicas, companhias de dança, de circo… Este enorme patrimônio que cria a nossa sociedade e faz com que nos reconheçamos no outro. Governo que destina essa quantia à Cultura não se interessa pelo Brasil.

Regina Duarte ainda não aceitou oficialmente o cargo, mas afirma desde a segunda-feira (20) estar em um “noivado” com o presidente. A expectativa é que ela seja nomeada oficialmente após a viagem de Bolsonaro a Índia, que chega ao fim na próxima terça (28).

A atriz foi convidada após a tumultuada exoneração de Roberto Alvim, na sexta-feira (17), após um vídeo institucional em que o dramaturgo parafraseava falas do ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels. A procuradoria do Ministério Público Federal já entrou com representação para que as ações do ex-secretário sejam anuladas.