Agência Brasil

Relatório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que 91,5 mil beneficiários do auxílio emergencial ou do Bolsa Família doaram para campanhas eleitorais nas eleições municipais de 2020. Os valores chegam a R$ 77,5 milhões. O levantamento, obtido pela TV Globo, foi concluído na segunda-feira (16) pelo Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral do tribunal.

Os dados fazem parte de um cruzamento de um banco de dados que também reúne informações de seis órgãos federais, entre os quais Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Ministério Público Eleitoral (MPE).

Ao todo, os técnicos realizaram nove fase de análises e identificaram 221.355 casos de indícios de irregularidades em gastos de campanha, que envolveram R$ 954,7 milhões. O documento mostra:

  • 27.576 doadores de uma mesma empresa para determinado candidato (R$ 37 milhões)
  • 45.780 fornecedores que têm sócio entre pessoas beneficiárias do programa Bolsa Família (R$ 612,6 milhões)
  • 4.865 fornecedores sem registro na Receita Federal ou na Junta comercial receberam R$ 5,6 milhões
  • 4.590 doações de pessoas sem emprego formal registrado somaram R$ 18,1 milhões
  • 3.773 doadores com renda incompatível com o valor repassado somam R$ 32,8 milhões
  • 34 pessoas constam do Sistema de Controle de Óbitos e aparecem como doadores de R$ 47,9 mil

A partir desse levantamento, os juízes eleitorais podem determinar novas investigações e usar os dados para julgar as contas eleitorais de candidatos. Além disso, as informações podem servir de base para o Ministério Público Eleitoral iniciar apurações. Se forem confirmadas as irregularidades, os candidatos eleitos podem ter seus mandatos questionados na Justiça. G1