Um ano após o encerramento das atividades da fábrica Ford no Brasil, a cidade que abriga o maior Polo Industrial da Bahia, Camaçari, na região metropolitana de Salvador, convive com perda na arrecadação de receitas e impactos fortes no comércio causado pelas demissões. O Polo Industrial de Camaçari, que tem 43 anos de operação, é um dos maiores complexos industriais integrados do Hemisfério Sul e desempenha papel importante no setor produtivo do estado.

Segundo informações do secretário de Administração de Camaçari, Helder Almeida, a cidade, que tinha arrecadação anual de cerca de R$ 1,3 bilhão em impostos, perdeu R$ 30 milhões do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e mais R$ 100 milhões do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da receita líquida com o fechamento da empresa.

Os impactos, de acordo com Helder Almeida, podem ser vistos no setor comerciário da cidade e em áreas como da Educação. “Os impactos são muito visíveis na queda do comércio, na própria queda de receita do município” “O setor da Educação também foi muito afetado por conta dos cancelamentos de matrículas, sobretudo as universidades, mas também o ensino médio e fundamental das escolas particulares”, contou o secretário.

Além da perda de receita, o município registrou mais de 12 mil demissões. O número também conta com pessoas que não trabalhavam em empresas relacionadas com a montadora de veículos, mas que prestavam serviços para os funcionários, como escolas, restaurantes e lojas do comércio local. A prefeitura do município acredita que cerca de R$ 20 milhões mensais deixaram de circular em Camaçari após a saída dessas pessoas do município.

“Vamos imaginar um salário médio de R$ 2 mil, que não é isso, é mais um pouco, mas fazendo um cálculo mais conservador. Nós temos aí R$ 20 milhões que deixam de circular mensalmente na economia do município”, relatou Helder Almeida. Além dos prejuízos causados pelo encerramento das atividades da Ford, Camaçari teve que conviver com os impactos impostos pela Covid-19.

“Muita gente locava imóveis para gente da Ford, tinha o movimento intenso de pessoas que vinham para a cidade tratar de assuntos de interesse econômico da fábrica. Com a pandemia, esse impacto [da saída da Ford] ficou meio misturado, meio disfarçado”, afirmou. Helder Almeida explica que os impactos da saída da Ford serão sentidos pela prefeitura, de forma mais “dura” em 2023, quando será feito um novo cálculo de participação das cidades no índice do ICMS.

“Com a pandemia, esse impacto [da saída da Ford] ficou meio misturado, meio disfarçado, mas a gente sentiu na receita e a partir de 2023, quando o recalculo é feito da participação no índice do ICMS, nós vamos sentir uma queda significativa”, contou o gestor. Camaçari, que tem 300 mil habitantes, tinha 30 mil habitantes na década de 70. A população cresceu bastante com a implantação do polo petroquímico nos anos 80, 90 e início dos anos 2000, quando a Ford foi implantada na cidade. G1