Agência Brasil

Uma em cada cinco adolescentes entre 13 e 17 anos já sofreu algum tipo de abuso sexual, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2019, realizado pelo IBGE e divulgada nesta semana. O levantamento apontou que 8,8% das meninas nessa mesma idade já foram forçadas ao sexo. Um dado ainda mais alarmante foi que, em 68,2% dos casos desse tipo de violência, a aluna tinha 13 anos ou menos quando foi forçada.

Na grande maioria dos casos, o agressor costuma ser pessoa próxima à vítima, sendo 29,1% namorado ou namorada e 24,8% amigos. Os garotos também são alvos desse tipo de violência, mas em percentuais bem menores.

A pesquisa também mostrou que existe uma diferenciação entre o contexto socioeconômico das vítimas. Dentre estudantes da rede privada, houve mais relatos desse tipo de violência do que dentre os da rede pública: 16,3% contra 14,4%.

Entre meninos e meninas nessa mesma fixa etária, 14,6% já afirmaram terem sofrido algum tipo de violência sexual pelo menos uma vez na vida. O percentual entre as meninas foi mais que o dobro do observado entre os meninos.

“Ao se pensar em políticas públicas para ajudar esses adolescentes, é preciso estar muito atento ao fato de que os agressores, grande parte das vezes, são pessoas do ambiente doméstico das vítimas ou pessoas com quem elas têm relação de afetividade. Isso provoca um sentimento de desamparo e de não ter a quem recorrer. O adolescente sente que não tem com quem falar sobre o que está acontecendo com ele”, alerta Cristiane Soares, uma das analistas da PeNSE.

Ela destaca, nesse sentido, a importância das políticas públicas de escuta, acolhimento, acompanhamento e orientação. “A culpabilização afeta social e emocionalmente essas pessoas”, complementa.

A pesquisa também levantou dados sobre a ocorrência de violência física nos adolescentes. Pelo menos 21% dos adolescentes de 13 a 17 anos afirmaram terem sido agredidos pelo pai, mãe ou responsável alguma vez nos doze meses anteriores à pesquisa. As meninas também são as maiores vítimas da agressão física. Delas, 22,1% afirmou já ter sofrido esse tipo de agressão, contra 19,9% dos meninos.

A agressão física perpetrada por outra pessoa que não seja o pai, mãe ou responsável foi apontada por 13,2% dos estudantes. Novamente, os alunos da rede privada reportaram mais este tipo de agressão do que os da rede pública.

Na maior parte das vezes, os agressores são amigos (48,2%) ou outros familiares (17,6%). Mas também pode ser outra pessoa (15,8%), namorado (12,3%) ou desconhecido (11,7%). Outro dado alarmante foi a ocorrência de violência policial. 7% dos estudantes relataram já terem sofrido algum tipo de violência policial, pelo menos uma vez.

Na coleta dos dados, o IBGE entrevistou quase 188 mil estudantes. Eles responderam às questões em 4.361 escolas de 1.288 municípios brasileiros. Segundo o instituto, o Brasil tinha, em 2019, 11,8 milhões de estudantes de 13 a 17 anos.