O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, deu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (28), no Rio, para falar sobre a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Ele afirmou que:

  • A Vale vai fazer uma doação emergencial de R$ 100 mil reais, de imediato, a cada família das vítimas fatais da tragédia;
  • A empresa mantém a compensação financeira de recursos minerais para o município de Brumadinho. Ou seja, a cidade não deve perder arrecadação por causa da paralisação das atividades da Vale;
  • Foi contratada uma equipe de psicólogos do Hospital Israelita Albert Einstein especializada em tratamento de vítimas de catástrofes atender a famílias das vítimas;
  • A partir desta terça-feira (30), a empresa vai colocar uma cortina de contenção no Rio Paraopeba, para impedir que o rejeito afete a captação de água da cidade de Pará de Minas.

A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo da empresa. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da Vale.

Números da tragédia

  • 65 mortos confirmados – 31 identificados
  • 279 desaparecidos
  • 192 resgatados
  • 386 localizados

A mina do Feijão na região de Córrego do Feijão, em Brumadinho, dois dias depois do rompimento da barragem da Vale. — Foto: Douglas Magno/AFP

Na entrevista coletiva desta segunda, Siani detalhou que o pagamento da doação deve começar nesta terça.

“Não se trata de uma indenização. Nós estamos aprovando uma doação emergencial para cada uma das famílias que perderam entes queridos, já a partir de amanhã, de R$ 100 mil, para minorar essa incerteza de curto prazo, de pessoas que perderam chefes de família, que tinham o seu ganha-pão”, explicou.

“Isso nada tem a ver com indenização. Indenização são valores muito maiores, e tem que ser tudo feito em concomitância com as autoridades, com as famílias e com ministério público.”

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Contenção de rejeitos

Citando “o foco na reparação da tragédia humana, ambiental e social”, o diretor da Vale falou primeiro sobre o deslocamento da lama pelo rio Paraopeba. A empresa vai construir o que ele chamou de “membrana de contenção de rejeitos próximo à cidade de Pará de Minas”.

“A cidade está a cerca de 40 quilômetros de onde, hoje, a lama se encontra. A lama percorreu cerca de 75 quilômetros desde o momento do acidente. Ela está se deslocando a aproximadamente 1 km/h”, descreveu Siani.

“[A membrana] É uma solução comprovada e testada já para reter esses coloides – partículas muito grossas – e permitir a continuidade da captação de água. Nosso objetivo é que não haja nenhuma ruptura nas cidades a jusante do Rio Paraopeba. Temos também equipes da Samarco, que infelizmente tiveram experiência, lá em Mariana, com esse tipo de construção de diques de contenção percorrendo todo o rio em conjunto com as equipes da Vale (…), para garantir a contenção absoluta desse rejeito, para que ele não prejudique ainda mais o meio ambiente.”

Arrecadação em Brumadinho

O segundo anúncio de Siani foi sobre os efeitos da tragédia na arrecadação de impostos em Brumadinho. “Nós temos plena consciência do impacto econômico e do estresse que a situação vem causando sobre os serviços públicos de Brumadinho”, afirmou o diretor da Vale.

“Nós estamos anunciando que vamos manter o pagamento da compensação financeira de recursos minerais – os royalties da mineração – para o município de Brumadinho por tempo indeterminado, para não prejudicar a arrecadação do município. O município arrecadou cerca de R$ 140 milhões em 2018 – mais de 60% disso são royalties da mineração. Esse valor muda com o preço do minério de ferro, mas o que importa é que a Vale vai continuar compensando o município por conta da falta desses recursos, já que a produção foi paralisada.”

De acordo com ele, vai ser feita exatamente a conta do que seria devido.

Já sobre o repasse do equivalente em impostos, Siane disse: “A Vale vai compensar o município como se a operação estivesse ocorrendo”. Informações do G1 Foto: Reprodução / TV Globo