Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol, coordenador da operação Lava Jato, concordou com a avaliação de outros procuradores de que Flávio Bolsonaro (PSL) mantinha um esquema de corrupção em seu gabinete quando era deputado estadual no Rio. É o que aponta nova reportagem do site The Intercept Brasil no domingo (21).

Desde o início de junho, a publicação vem publicando uma série de mensagens trocadas entre os procuradores da Lava Jato através do aplicativo de mensagens Telegram – algumas delas com e o então juiz, e atual ministro da Justiça, Sergio Moro.

De acordo com a publicação, membros do MPF comparam o esquema operado pelo assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, com outros escândalos nos quais deputados estaduais foram acusados de empregar funcionários fantasmas, e recolher parte do salário como contrapartida – prática popularmente conhecida como “rachadinho”.

Em 8 de dezembro de 2018, Dallagnol postou em um de seus grupos no Telegram, composto por procuradores da Lava Jato, o link de uma reportagem do portal UOL sobre um depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz numa conta em nome da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Na ocasião, Dallagnol pedir a opinião dos colegas sobre os desdobramentos do caso.

Neste contexto, Dallagnol disse que o atual senador e filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) “certamente” seria implicado no esquema, e também demonstrou preocupação sobre de que forma o episódio influenciaria o trabalho de Moro como ministro da Justiça.

As mensagens revelam que o procurador temia que o ex-juiz não levasse a investigação à frente por pressões políticas ocasionadas pelo presidente. Da mesma maneira, Dallagnol temia que o imbróglio representasse um empecilho para que Moro viesse a ser indicado para uma das vagas de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que serão abertas em 2020 e 2021.

“Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”, escreveu. Até hoje, não há informações de que Moro tenha tomado qualquer medida para investigar o esquema de funcionários fantasmas que Flávio é acusado de manter, assim como possível ligação com as milícias do Rio de Janeiro.

Procurada pela reportagem, a força-tarefa da Lava Jato e os procuradores citados na reportagem do The Intercept mas se pronunciaram até a publicação do texto. Na última semana, o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu todos os inquéritos que tramitam contra Flávio, abertos a partir de dados repassados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).