As autoridades brasileiras ainda tentam entender o que realmente levou o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, a agir na terça-feira como se contasse com adesão militar.

Guaidó convocou atos de protesto na expectativa de derrubar do poder Nicolás Maduro. Ele afirmava ter conquistado o apoio de militares. A leitura que se faz é que pode ter se fiado em alguma promessa, que não vingou.

A tentativa de Guaidó, no entanto, já resultou em “nítido desconforto de Maduro”, analisa um importante militar do Palácio do Planalto.

Ele chama a atenção para o fato de Maduro ter aparecido nesta quinta-feira (2) numa “estranha cerimônia, dentro do quartel, com militares desarmados” e afirma que “algo está acontecendo”.

O desafio é convencer os militares de altas patentes a abandonarem o ditador venezuelano.

No âmbito diplomático, a ação é pressionar Maduro a entregar o poder a Juan Guaidó, que, por sua vez, convocaria eleição presidencial. E, sem fraudes, como têm sido os últimos processos eleitorais, tudo indica que o chavismo teria uns 30% dos votos e a oposição, uns 70%.

Ainda segundo a análise desse militar, o Brasil acabou ficando a “reboque dos Estados Unidos”, sem protagonismo nessa busca de solução para a crise venezuelana.

O apoio a Guaidó, foi “sem análise de riscos e, talvez, não tenha sido a melhor decisão. Mas já não se pode voltar atrás”.

O rescaldo da crise venezuelana, no Brasil, vai muito além da fronteira e das declarações das autoridades, em público.

Nos bastidores, o que se observa é que há fissuras entre o modus operandi da diplomacia e os estrategistas militares. E são os militares os moderados. G1