O pedido de cassação do mandato do vereador Sandro Fantinel (sem partido) foi rejeitado pela Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, na terça-feira (16). O político foi acusado de quebra de decoro parlamentar após discurso contra os baianos. A fala que gerou a acusação aconteceu em fevereiro deste ano, quando Fantinel comentou o caso em que 207 trabalhadores foram resgatados em situação semelhante à escravidão em Bento Gonçalves. O resgate aconteceu em 22 de fevereiro. As declarações ocorreram durante fala na tribuna da câmara seis dias depois, no dia 28 de fevereiro.
Foram 13 votos favoráveis à cassação, 9 contrários e uma abstenção – do próprio Fantinel. Para ter o mandato cassado, conforme as regras do Legislativo caxiense, eram necessários dois terços dos votos favoráveis à perda do mandato, ou seja, 16 votos.
“A gente precisa levar um baque muito grande para mudar. A ideologia radical não faz mais parte da minha vida nesta casa. Não matei ninguém, não estuprei ninguém, não desviei e não maltratei ninguém. Tem gente que fez isso e hoje está perdoado”, afirmou Fantinel durante a votação.
Em seu discurso xenofóbico, o parlamentar pediu que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo a trabalhadores vindos da Bahia. Disse, ainda, que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”. A maioria deles foi contratada para a colheita da uva e viajou do Nordeste para o Rio Grande do Sul. Fantinel sugere que se dê preferência a empregados vindos da Argentina, que, segundo ele, seriam “limpos, trabalhadores e corretos”.
Em março deste ano, Fantinel foi expulso do Patriota, seu antigo partido. As faltas também foram repudiadas pelos governadores do RS, Eduardo Leite (PSDB), e da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT). A sessão que definiu o futuro político de Fantinel começou às 9h30 e durou mais de quatro horas. O plenário da Câmara foi ocupado por manifestantes favoráveis e contrários à cassação. Um esquema de segurança também foi montado com reforço de agentes da Brigada Militar e da Guarda Municipal. Fantinel se defendeu alegando que se exaltou, pediu desculpas e disse entender que a cassação do mandato “é uma resposta extrema e desproporcional”. BNews