A deputada estadual Fabíola Mansur (PSB) atraiu para si as atenções durante a eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), na segunda-feira (1°), ao manter a disputa para a 2ª vice-presidência, apesar da garantia do líder do governo, Rosemberg Pinto (PT) da existência de um “consenso” em torno do nome do deputado Marcelinho Veiga, também do PSB. No bate-chapa, a deputada recebeu 25 votos, contra 36 de Veiga.

O nome de Fabíola para compor a chapa do presidente eleito, Adolfo Menezes (PSD), foi uma escolha do próprio PSB, no entanto, horas antes de ser iniciada a votação em plenário, o bloco parlamentar (PSB, Podemos, Avante e PL) por 4×3 decidiu por Veiga. Para além da Mesa Diretora, a disputa desta segunda-feira remonta um quadro também de disputa de forças na própria sigla, cenário no qual também surge como elemento do tabuleiro o deputado federal Marcelo Nilo, sogro de Marcelino Veiga.

Ao Bahia Notícias, Fabíola garantiu que o episódio não gera atritos nem constrói muros dentro da base governista. No entanto, ela questiona os critérios que definiram o que passou a ser chamado de “candidatura oficial” e “candidatura avulsa”.

“Quando é colocado um é como uma votação oficial do bloco e outra como candidatura avulsa, como foi a minha, é claro que se diminuem as chances de vitória. Como mulher, como candidata indicada inicialmente pelo meu partido, com atuação nas pautas progressistas, eu jamais poderia desistir. Por que o tempo todo ficou todo mundo pedindo para eu desistir? Ninguém foi para o outro candidato pedir desistência. Passou a ser o único critério a indicação do bloco. Desconsideraram qualquer outro, como tempo de mandato, representação feminina, as pautas progressistas, o que eu represento na Casa”, destaca Fabíola.

Pouco antes de ser iniciada a votação, o líder governista solicitou uma questão de ordem e utilizou o tempo para explicar os termos de um acordo que alegava ter sido feito, segundo o qual Fabíola assumiria a liderança do bloco parlamentar, assim como o deputado Samuel Jr. (PDT), que declinou da disputa e foi compensado com a liderança do bloco o qual integra.

Apesar de garantir a inexistência de cisão, Fabíola fala em sentimento de “frustração” ao avaliar o processo. Internamente, peças da própria AL-BA, em off, se arriscam a dizer que a derrota de Fabíola resultou, sobretudo, do discurso de que ela engajava uma candidatura avulsa, narrativa explorada com a força, inclusive, do líder governista. Segundos estes, além de trabalhar em favor de Veiga, ele foi um dos mais incisivos nos pedidos de desistência por parte da deputada.

Sem citar nomes, Fabíola é taxativa ao afirmar que a frustação está associada por determinadas falas que favoreceram a candidatura de Veiga. “Então fui eu pedindo aos deputados, disputando com os Marcelos. Eu disputei com dois Marcelos. E no finalzinho, falas, que não são ilegítimas, mas com argumentos francamente desfavoráveis [interferiram no processo]. E eu tive uma chuva de líderes pedindo para eu desitir. Se era tão importante a minha desistência é porque deveria estar forte. Até essa reunião do bloco, que aconteceu por volta das 12h30, eu iria ganhar essa vice-presidência. Pelos meus cálculos eu teria entre 35 e 36 votos”, explica Fabíola, acrescentando que acredita que os seis votos que demarcaram a vitória do seu concorrentes “foram revertidos de última hora”.

“Não há culpados. Eu perdi e reconheço a derrota. Mas foi uma derrota de muitos contra mim. Os 25 votos são pessoas que acreditaram no que eu falei, foram votos de merecimento, foram votos que muito me honram.”

Apesar de questionar o descarte da representação feminina na Mesa Diretora da Casa, a deputada recusa a ideia de ter sido derrotada pelo machismo. “A casa tem dez mulheres, então eu tive até mais votos de homens do que supostamente de mulheres, ainda que eu ache que falas que não reconheceram a importância da representatividade feminina, mas validaram uma decisão de bloco. Aí, sim, tem um certo machismo na decisão de colocar como critério quem foi escolhido no bloco”.

VEJA A COMPOSIÇÃO DA NOVA MESA DIRETORA DA ALBA:

Presidência: Adolfo Menezes (PSD)

1ª Vice-Presidência: Paulo Rangel (PT)

2ª Vice-Presidência: Marcelinho Veiga (PSB)

3ª Vice-Presidência: Bobô (PCdoB)

4ª Vice-Presidência: Paulo Câmara (PSDB)

1ª Secretaria: Júnior Muniz (PP)

2ª Secretaria: Alan Sanches (DEM)

3ª Secretaria: Soldado Prisco (PSC)

4ª Secretaria: Neusa Cadore (PT) (Bahia Notícias)