(Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Sai pra lá, jejum! Depois de 12 jogos e quase três anos, o torcedor do Vitória pode bater no peito e dizer: o Ba-Vi é meu. Neste sábado (8) o rubro-negro foi até a Fonte Nova com torcida única do Bahia e venceu por 2×0 em um jogo em que a palavra “cirúrgico” define o que foi a atuação do time de Geninho. Agora, o tabu virou de lado e é o Vitória quem está há quatro jogos sem perder, com três empates e este triunfo em sequência.

O Leão se mostrou ciente das fraquezas e fortalezas do Bahia e soube trabalhar muito bem em cima disso para vencer. Dois nomes foram fundamentais para o Leão rugir: na defesa, Ronaldo pegou até vento. Foram pelo menos cinco defesas e alguns milagres do camisa 1. No ataque, Thiago Carleto foi cruel com Douglas. Marcou um gol e deu uma assistência para Vico. Na bola parada, o Leão chacoalhou o Esquadrão, que, por sua vez, entra num abismo de pressão.

O jogo
O Vitória mostrou as suas credenciais logo no começo da partida. Júnior Viçosa fez a casquinha e Fernando Neto bateu forte de perna esquerda. A bola triscou na trave antes de sair pela linha de fundo. A resposta do Bahia veio aos oito minutos com Élber, que arrancou na esquerda e chutou cruzado, levando Ronaldo a fazer sua primeira defesa difícil no clássico.

Apesar de dominar a posse, o Bahia era mais faltoso e oferecia uma arma que o Vitória gosta de utilizar desde o final do ano passado: a bola parada de Thiago Carleto. Na primeira, o lateral parou em Douglas. Mas na segunda não perdoou: um canudo de fora da área para abrir o placar aos 23 minutos. A bola quicou na frente de Douglas e morreu dentro do gol do Dique do Tororó.

Só Élber jogava do lado tricolor. O camisa 7 era o mais ativo e quando não conseguia tramar com seus companheiros, partia para a jogada individual. Mas Ronaldo continuou com sua estrela de clássicos acesa e barrava o atacante. Aos 26, ele fez outa bela defesa em novo chute cruzado de Élber e contou com Maurício Ramos para afastar no rebote.

Depois do gol, a pressão que já estava sob os ombros dos jogadores do Bahia só fez aumentar. A Fonte Nova de torcida única se voltou completamente contra o time de Roger Machado. Os passes errados retornaram, os jogadores tentavam resolver de qualquer jeito e a torcida vaiou o goleiro Douglas quando tocou na bola.

Do outro lado, o Vitória se preservava. Com a vantagem nas mãos, o time de Geninho tinha toda a tranquilidade para aguardar alguma chance de contra-atacar. O grande nome do Leão era Ronaldo. O goleiro pegou uma falta cobrada por Juninho Capixaba e logo depois operou um verdadeiro milagre em cabeçada à queima-roupa de Juninho, o zagueiro.

Ronaldo garantia lá atrás e Carleto resolvia na frente, na bola parada. Primeiro ele cobrou falta quase do meio-campo e Douglas espalmou. Mas tinha o escanteio. Em posição boa para a canhotinha dele. O lateral cobrou fechado na pequena área e Vico mal tirou os pés do chão antes de escorar e ampliar o placar. Não tinha torcida do Vitória na Fonte Nova por causa da decisão da torcida única, mas só dava Leão no placar: 2×0 no primeiro tempo.

Segundo tempo
Para a etapa final, Roger Machado promoveu logo de cara duas mudanças. Rossi e Arthur Caíke substituíram os apagados Daniel e Clayson. O volume de jogo do Bahia aumentou, de fato. Mas havia uma muralha no gol. Ronaldo estava espetacular. Genial. Gigantesco. À altura do Ba-Vi. O goleiro já havia feito duas grandes atuações nos clássicos do ano passado, mas hoje o nível do que ele apresentou foi de um patamar acima.

Élber, Juninho (novamente), Juninho Capixaba… todos esbarraram nas mãos do camisa 1. Quando ele chegou perto de se atrapalhar, contou com a sorte. Ronaldo saiu estabanado em um cruzamento e não conseguiu cortar direito, mas a zaga estava lá para afastar de vez. Fazer um gol no Vitória, pelo menos hoje, não era uma opção permitida.

Quanto mais o ponteiro se aproximava do final, mais a torcida do Bahia aproveitava para expressar sua insatisfação. Os cantos começaram com “Adeus, Roger”, passaram por mais vaias a Douglas – que quase engole outra cobrança de falta de Thiago Carleto – e terminaram com cantos de “time pipoqueiro”.

As vaias com o apito final eram só questão de tempo. E foram ouvidas. Mas nada que fosse problema do Vitória, o grande do dia. Mesmo sem sua torcida na Fonte Nova, o Leão venceu o Ba-Vi, algo que não acontecia desde 27 de abril de 2017, com placar de 2×1 no Barradão.

Foi a primeira vitória do time principal do rubro-negro no ano. Agora, o Leão chegou a cinco pontos e assumiu a liderança do Grupo B – o resultado do Confiança contra o Freipaulistano, na noite deste sábado (8), pode derrubar o rubro-negro para a segunda colocação. Já o Bahia amarga a sua segunda derrota consecutiva, depois da eliminação na Copa do Brasil diante do River. Na Copa do Nordeste, caiu para sexto lugar no grupo A, com quatro pontos, e corre risco de ainda ser ultrapassado pelo CRB, que faz clássico contra o CSA no domingo (9). 

Ficha técnica: Copa do Nordeste | Fase de grupos | 3ª rodada
Bahia 0x2 Vitória

Bahia: Douglas, João Pedro, Lucas Fonseca, Juninho e Juninho Capixaba; Gregore, Flávio (Fernandão) e Daniel (Arthur Caike); Élber, Clayson (Rossi) e Gilberto. Técnico: Roger Machado
Vitória: Ronaldo, Van, Maurício Ramos, João Victor e Thiago Carleto; Guilherme Rend, Gérson Magrão (Jean) e Fernando Neto; Vico, Léo Ceará (Matheus Tenório) e Júnior Viçosa (Rodrigo Carioca). Técnico: Geninho
Estádio: Arena Fonte Nova 
Gols: Thiago Carleto, aos 23 minutos; Vico, aos 41, ambos no 1º tempo
Público pagante: 26.726
Renda: R$ 503.254,00
Cartão amarelo: Daniel, Rossi, João Pedro (Bahia) | Júnior Viçosa, Léo Ceará, Vico (Vitória).
Cartão vermelho: Roberto Ribas (auxiliar técnico do Bahia)
Arbitragem: Gilberto Rodrigues Júnior, auxiliado por Francisco Chaves Bezerra e Marcelino Castro Nazaré (trio de PE) Correio da Bahia