Uma vizinha do antigo prédio em que morava Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, a médica que está internada após uma queda do quinto andar de um prédio no bairro de Armação, em Salvador, disse nesta última quarta-feira (22), que a relação da mulher com o suspeito do crime era marcada por brigas e pedidos de socorro.

“Eles brigavam muito. Muito mesmo. Ao ponto dela pedir socorro. Eu fico até emocionada de pensar sobre isso, porque ela pedia socorro. Várias e várias vezes, para quem você perguntar no prédio onde a gente mora, vão dizer a mesma coisa”, contou a mulher, que pediu para não ser identificada.

Antes de ir morar com o suspeito, o também médico Rodolfo Cordeiro Lucas, Sáttia vivia em um prédio no bairro da Graça. Ainda de acordo com a vizinha, uma das brigas ocorreu na área comum do condomínio. Os vizinhos tentaram ajudar, mas não conseguiram.

“Tentei [ajudar a médica] uma vez, quando eles brigaram no playground. Eu fiquei com medo da forma como ele estava agindo com ela. Então, eu preferi nem encostar. Eu vim pelo fundo, pelo elevador do fundo, e vi que ele estava batendo nela e ela tentando sair de perto dele. Os vizinhos do prédio da frente todos gritavam para o segurança que fica na rua, para que entrasse no prédio, mas não tinha autorização da entrada”, revelou.

A vizinha conta que ela era uma boa moradora. As duas ficaram amigas durante uma reunião de condôminos. “Ela é uma pessoa excelente. Sempre foi uma pessoa excelente. Nunca deu trabalho nenhum em questão do prédio”, contou. Ainda de acordo com a mulher, a mudança para casa do homem ocorreu mesmo há 15 dias, quando ela deixou prédio com várias malas.

“Tem mais ou menos alguns meses que ela andava sumida desse prédio que a gente mora. E, há uns 15 dias atrás, ela veio com um suposto namorado dela e levou tudo que ela tinha. Várias malas de roupa, não foram poucas. Ela aparecia muito abatida no momento. E eles ficaram um tempo no carro, e depois foram embora. Depois aconteceu esse ocorrido, uma semana depois”, revelou. Antes da mudança, no entanto, a vizinha contou que era comum os dois ficarem um na casa do outro.

“Ele e ela já estavam há um tempo junto. Ele sempre vinha passar um tempo com ela . A gente sabia que ele estava aqui por causa do carro dele. Ele saía várias vezes com ela. Viajou um tempo, o carro ficou estacionado na garagem. Uma vida de casal de namorados. Ela ia ficar com ele, e depois ele vinha e ficava com ela também. Uns seis meses que ela não vinha aqui. Da última vez, ela levou todas as roupas dela. Ela tinha me falado que não iria ficar mais no prédio, mas não disse onde iria morar”, contou a vizinha. O advogado da família de Sattia ressaltou que os vizinhos, que moravam no prédio onde o casal morava junto, contaram que ouviram pedidos de socorros.

“Assim como tenho informações dadas por vizinhos, existem informações de que ela clamava por socorro. Então, são situações que o inquérito precisa responder. Temos informações de que brigas existiam, que ele é uma pessoa extremamente possessiva, ciumenta, inclusive foi perguntado porque ela não tinha perfil nas redes sociais e ela não tinha porque ele proibia”, disse Maurício Vasconcelos. “Se a família tivesse qualquer desconfiança nesse sentido [tentativa de suicídio], teria tomado as medidas protetivas”, concluiu. G1