Enquanto ACM Neto parece ter achado no mote da segurança um calo incômodo para os petistas, o adversário dele na corrida pelo governo na Bahia, Jaques Wagner, já define algumas estratégias para rebatê-lo. Uma delas é o argumento de que, há época do antigo PFL no Palácio de Ondina, os investimentos na área minguavam. Ainda que haja um problema básico de deslocamento temporal, em 2006, os índices e a forma como a violência e o crime se comportavam eram bem diferentes de agora. Mas isso não é algo que não possa ser trabalhado do ponto de vista de comunicação e recaia sobre o passado do carlismo.

Essa batalha entre os tempos pré-petismo e os 16 anos petistas na Bahia caminha para ser um dos principais pontos a ser explorado nesses momentos de pré-campanha oficial. É quando os adversários vão conhecer os terrenos e identificar quais temas podem render mais votos. E tanto ACM Neto quanto Wagner sabem disso e vão dosando calmamente quais “estradas” vão seguir. Por isso, até o primeiro semestre do próximo ano, esses assuntos virão e sairão de cena, numa espécie de termômetro. É também uma batalha de nervos, quando as provocações vão vir de todos os lados, na expectativa de que algo desestabilize o outro lado.

A fala de Wagner sobre o MDB estar “insatisfeito” ao lado de Neto é um exemplo disso. Os emedebistas não escondem a sede de poder, ainda que estejam longe de ser protagonistas, porém o encolhimento do partido na Bahia não pode ser creditado exclusivamente à aliança com o ex-prefeito de Salvador. Ainda assim, o ex-governador fez essa associação, simulando que os aliados ao seu lado – leia-se PSD e PP – cresceram, e os aliados dos adversários teriam encolhido. É como se os contextos desses crescimentos não importassem e a simples formação de alianças fosse crucial para determinar o tamanho dos partidos. Não, não é. Mas a mensagem bem comunicada pode ter impacto nas relações políticas e é essa a aposta.

Outro tema recorrente será a nacionalização da disputa. Há bastante tempo o PT, especialmente, tem tentado carimbar o selo de bolsonarista em ACM Neto. Até aqui não funcionou, porém não deve ser um esforço em vão. Tanto que o próprio Wagner sinalizou que quem decide se a temática nacional será preponderante na eleição é o povo, um artifício bem comum para justificar a pauta. Como o ex-governador é automaticamente associado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lançar Jair Bolsonaro no colo do ex-prefeito é uma aposta muito clara dos adversários dele.

Ainda é cedo para cravar que essas estratégias vão persistir até outubro de 2022. No entanto, acompanhá-las é um ponto importante para entender os próximos passos dos principais candidatos ao governo baiano. Os nomes estão postos e, por enquanto, não há sinais de que a polarização local terá uma outra candidatura com musculatura política para desbancá-los, principalmente na escolha dos temas que aparecerão na campanha. (Bahia Notícias)